Topo

Esse conteúdo é antigo

Viagem de Teich ao Rio reforça elo de Crivella com bolsonarismo

8.mai.2020 - Teich e Crivella se cumprimentam com um toque de antebraços no início de visita a hospital de campanha - Gabriel Sabóia/UOL
8.mai.2020 - Teich e Crivella se cumprimentam com um toque de antebraços no início de visita a hospital de campanha Imagem: Gabriel Sabóia/UOL

Gabriel Sabóia

Do UOL, no Rio

08/05/2020 15h31

O ministro da Saúde, Nelson Teich, foi recebido hoje pela manhã por Marcelo Crivella (Republicanos). Ao lado do prefeito do Rio, Teich participou de uma inspeção ao hospital de campanha do Rio Centro, na zona oeste da capital fluminense.

Acompanhado de parlamentares da ala bolsonarista do PSL, como a deputada estadual Alana Passos e os deputados federais Anderson Moraes e Luiz Lima, Teich cumprimentou Crivella com um toque de cotovelos e seguiu para uma reunião a portas fechadas. Questionado, o ministro não falou sobre as recomendações da Fiocruz e do MP-RJ para que o estado adote um lockdown e citou a "união" entre as esferas de governo.

Crivella sonha com o apoio expresso do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) nas eleições desse ano, quando tentará a reeleição ao cargo. Desde março, o vereador do Rio Carlos Bolsonaro e o senador Flávio Bolsonaro (RJ), filhos do chefe do Executivo, fazem parte do Republicanos.

Em sua fala, o prefeito disse que a vinda do ministro ao Rio teve como objetivo "organizar" as ações do governo federal no combate ao coronavírus.

"Essa é uma visita de trabalho. A ideia é entender o que está sendo feito, conhecer os recursos do Rio de Janeiro, mas queremos acelerar a capacidade de tratar das pessoas, ouvir o que está sendo feito na parte de cuidados e traçar estratégias para diminuir a necessidade de tratamento intensivo. Vamos ver as partes estaduais, municipais e federais, unir as forças", disse Teich antes de se retirar, sem falar com a imprensa.

Crivella voltou a defender interdições pontuais em bairros do Rio, como as já realizadas em Bangu e Campo Grande, na zona oeste. "Foi decidido nas reuniões que o lockdown deveria ser cirúrgico. Fizemos Campo Grande, fizemos a parte de Bangu, deve também entrar Santa Cruz, e demais áreas onde estamos tendo problemas", disse o prefeito.

Ontem, Teich afirmou em Brasília que a intenção é visitar todas as cidades que estejam com casos críticos ou que possam evoluir para esse estágio. Na ocasião, o ministro defendeu um programa de triagem mais eficaz, "onde seja possível avaliar temperatura, saturação de oxigênio, para que a gente possa pegar isso precocemente no ambulatório, no paciente externo".

Witzel evita falar sobre lockdown

Depois de sair do hospital de campanha do Rio Centro, Teich visitou as instalações do hospital de campanha do Maracanã, na zona norte, que será inaugurado amanhã (9). Na vistoria à unidade montada pelo Governo do Estado, Teich esteve acompanhado de Wilson Witzel (PSC) e do secretário estadual de Saúde, Edmar Santos.

O ministro deixou o local sem falar com a imprensa. Witzel, no entanto, fez um pronunciamento, no qual evitou falar sobre a manifestação fornecida ontem (7) pelo comitê que o assessora ao MP-RJ (Ministério Público do Rio de Janeiro). O documento, assinado pelo governador, cita o agravamento do número de casos de covid-19, destaca que a pandemia ainda não atingiu o seu ápice e ressalta que experiência de outros países mostra que aprofundamento das medidas de restrições de circulação foi fundamental para conter o avanço da doença.

No entanto, hoje, Witzel evitou falar sobre o tema ou se mostrar favorável a um lock down. "Precisamos ter consciência e seguir as medidas de restrições e orientações dos prefeitos das cidades, impedindo o movimento", disse.