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Joice vê Bolsonaro limitado e critica: 'tem inteligência emocional -20'

Do UOL, em São Paulo

18/05/2020 18h56Atualizada em 18/05/2020 19h29

A deputada federal Joice Hasselmann (PSL-SP) fez novas críticas hoje ao presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partida). Ex-aliada, ela afirmou que Bolsonaro se envolve em uma "sucessão de crises" por causa das limitações na hora de construir diálogos "do jeito mais republicano possível", contrários à forma de fazer política que a deputada alega ter sido apresentada em campanha.

"Ele não é difícil — ele é limitado. O presidente é limitado, tem uma inteligência emocional -20. Durante os meses em que eu fiquei lá (como líder do governo no Congresso Nacional), tinha discussões muito acaloradas com ele para fazer ele botar o pé no chão, parar de atacar as pessoas, a imprensa, e começar a construir pontes do jeito mais republicano possível", disse Joice durante participação no UOL Debate de hoje.

"Não desse jeito que ele faz agora. Agora liberou geral. Tivemos uma chance no começo do governo de fazer a coisa de uma maneira diferente, republicana", relembrou.

"Eu dizia: 'se existe um cargo A, B ou C, vamos pegar os melhores nomes técnicos disponíveis no Brasil. Pega dez, formados na universidade da lua se for o caso. Não é o que está acontecendo. Agora, líder do partido pega assessor direto e fala: 'Vai lá, cuida do orçamento de cinquenta e tantos bilhões para a gente fazer nosso fundão eleitoral."

A análise de Joice foi um contraponto ao senador Eduardo Gomes (MDB-TO), líder do governo no Senado. Para ele, a prática de negociar apoio é comum em outras esferas de governo.

"Dificilmente vai chegar a um ponto de debate que não tenha essa prática automaticamente aplicada nos estados. São Paulo, Rio, Tocantins, Goiás, você faz o governo com participação dos partidos que apoiaram e aos que aderem ao governo. O que estamos fazendo aqui é um exercício de previsão do que não aconteceu", disse Gomes.

"Posso falar em partidos, em pessoas com nome e biografia. Bolsonaro está com o número de ministérios desde o começo, com a máquina do governo em fundo de pensões estratégicas e participação efetiva de membros do PT e do PSDB. A máquina do Brasil é gigantesca, o que podemos julgar do Bolsonaro é a partir do momento em que ele nomeia uma pessoa", afirmou.

"Bolsonaro é criticado por ter mantido a autenticidade do tempo de vereador, de trato difícil com imprensa — é um defeito que ele tem. O outro defeito é o de mudar, o de fazer acordos políticos com quem nem sempre faz política, a gente aprende que existem acordos feitos de forma errada, e existem acordos que podem progredir e caminhar", acrescentou.

"O que está acontecendo com o Centrão é que membros que têm a maioria ajudaram Bolsonaro em 2019 e 2020 e foram defendidos por mim e pela Joice. Vão continuar ajudando. Se não ajudarem, tira do governo. Não é um governo que fica parado."

É possível o governo sobreviver à crise econômica?

No debate, Gomes foi questionado se o governo Bolsonaro conseguirá sobreviver com a perspectiva de que o Produto Interno Bruto (PIB) encolha mais de 5%, de acordo pesquisa Focus realizada pelo Banco Central.

"Mesmo em momento de tragédia emocional, o ministro Paulo Guedes [da Economia] tem apontado o norte e outros ministros estão fazendo programas de desenvolvimento. O mundo está com um safety car e precisamos de uma nova arrancada. Agronegócio está indo bem e vai ajudar. Debate político funcionamento democraticamente. A oposição, em momentos cruciais, tem colaborado com o governo", disse o senador.

Paulo Guedes fica ou sai?

O debate ainda levantou a questão: Paulo Guedes continuará no governo? Para Joice, não.

"Sempre disse, ainda como líder do governo, que o governo tinha dois grandes pilares: o ministro Sergio Moro e o ministro Paulo Guedes. Eu acompanhei a fritura dele [Moro], o Brasil todo acompanhou, e o Guedes já passou aqui ou acolá por alguma fritura", avaliou.

"Toda vez que o Paulo Guedes faz alguma coisa que contraria um pouquinho o presidente, ele vai para um processinho de fritura. Aí quando tem desgaste, o presidente volta atrás: 'Não, ele é nosso posto Ipiranga'. Eu já vi o Paulo dizer: 'Olha, desse jeito, vou embora. Não fico mais'. Aí passa a raiva e fica mais um pouquinho, passa e fica mais um pouquinho. Mas, até quando Paulo Guedes vai ser desmoralizado?", questionou.

Na resposta, Gomes defendeu o governo e elogiou o ministro. "Guedes conduz a política econômica. O importante é que o governo fez o dever de casa em determinados recursos e nunca se transferiu tantos recursos para estados e municípios para obra pública. É natural [discussão] no parlamento. Tenho certeza de que o Guedes fica no governo."