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'Essas pessoas não veem pobre como ser humano', diz Lula sobre João Pedro

Do UOL, em São Paulo

20/05/2020 15h12

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva lamentou a morte de João Pedro, jovem de 14 anos baleado em operação policial e afirmou que tentar a paz por armas só gera novas tragédias. "Essas pessoas não vêm o pobre como ser humano", afirmou ele, em uma live no Facebook, em meio a uma crítica também ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido).

João Pedro Matos Pinto, de 14 anos, foi morto na segunda-feira (18), dentro de casa, no complexo de favelas do Salgueiro, em São Gonçalo, região metropolitana do Rio. As polícias Civil e Federal faziam uma operação no local para cumprir dois mandados de prisão. Parentes e amigos de João Pedro que estavam presentes no momento de sua morte dizem que agentes entraram na casa atirando e balearam o menino.

Para Lula, há uma ideia de combate ao crime equivocada. "Sobretudo depois da posse de Bolsonaro e alguns governadores, [eles] passaram a ideia [à polícia brasileira] que a gente já via na década de 1980, que bandido bom é bandido morto. O Maluf fazia campanha com uma cela. Eles estão achando que a gente vai conseguir paz com armas", criticou Lula.

"Se o estado levar emprego, educação, água, lazer, a gente vai ter muito menos violência. Na verdade o grande crime nosso é o estado que não cumpre com suas obrigações", acrescentou. Lula defendeu que em seu governo, na época do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), houve diminuição no crime, por haver mais oportunidades de emprego.

"Não tem explicação [a morte de JP], não sei quem foi o malandro que inventou a expressão bala perdida, não tem bala perdida. O tiro é dado de maneira irresponsável", disse Lula, que incluiu o presidente nas críticas.

"Você viu o Bolsonaro, com a maior cara de pau, [falar que] 'é uma gripezinha, e daí'? É porque essas pessoas não vêm o pobre como ser humano", concluiu.

João Pedro Matos Pinto se tornou pelo menos a quarta pessoa com menos de 14 anos a morrer num contexto de operação policial no último ano, desde maio de 2019.

Além dele também morreram nesse período Ágatha Félix, de 8 anos, Kauê Ribeiro dos Santos, de 12 anos, Kauan Rosário, de 11 anos, segundo levantamento da ONG Rio de Paz com base em casos relatados na imprensa.