Interferências de Bolsonaro na PF geram dúvidas em investigações, diz ONG
As denúncias de interferência do presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido), sobre a cúpula da Polícia Federal jogam dúvidas "sobre o que são investigações legítimas contra a corrupção e o que são esforços de perseguição contra inimigos políticos".
A avaliação foi feita hoje pela equipe brasileira da organização não governamental Transparência Internacional, em referência à Operação Placebo no Rio de Janeiro. A PF cumpriu mandados de busca e apreensão no Palácio das Laranjeiras, residência do governador Wilson Witzel (PSC), e no escritório de advocacia onde trabalha sua mulher, entre outros endereços.
Nas redes sociais, a ONG defendeu que "todo e qualquer indício de desvio de recursos, especialmente durante a covid-19, deve ser investigado e os responsáveis devidamente punidos". No entanto, afirmou que "os indícios de que o presidente quer utilizar a PF contra opositores e as declarações da deputada (federal) Carla Zambelli (PSL-SP), antecipando a realização da Operação Placebo, no entanto, aumentam a preocupação de que a operação também possa ter como objetivo atacar o governador Wilson Witzel".
Confira a nota completa da Transparência Internacional Brasil:
Hoje testemunhamos uma das mais graves consequências das interferências do Presidente Jair Bolsonaro Polícia Federal: a dúvida que se gerou na sociedade sobre o que são investigações legítimas contra a corrupção e o que são esforços de perseguição contra inimigos políticos.
Todo e qualquer indício de desvio de recursos, especialmente durante a covid-19, deve ser investigado e os responsáveis devidamente punidos. As investigações sobre irregularidades na Secretaria de Saúde do Rio já levantaram evidências preocupantes de irregularidades.
Os indícios de que o presidente quer utilizar a PF contra opositores e as declarações da deputada Carla Zambelli, antecipando a realização da Operação Placebo, no entanto, aumentam a preocupação de que a operação também possa ter como objetivo atacar o governador Wilson Witzel.
A autonomia dos órgãos de controle da corrupção é essencial para fortalecer a confiança da população e garantir sua capacidade de atuação, independente de interferências políticas para proteger aliados ou perseguir adversários.
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