Witzel comanda estrutura hierárquica para supostos desvios, diz STJ
O governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel (PSC), é apontado como o comandante de uma estrutura hierárquica ligada a supostas fraudes em contratações emergenciais na área de saúde, segundo consta em decisão do STJ (Superior Tribunal de Justiça). A afirmação é do ministro Benedito Gonçalves, que autorizou a Operação Placebo, deflagrada hoje.
Segundo o ministro, a PGR (Procuradoria-Geral da República) apresentou indícios de que a cúpula do governo do Rio estaria envolvida em desvios supostamente ocorridos em contratos emergenciais firmados pela Secretaria Estadual de Saúde para enfrentar a pandemia de covid-19, doença causada pelo novo coronavírus.
Fariam parte da estrutura apontada a primeira-dama Helena Witzel, o ex-secretário de Saúde Edmar Santos e o ex-subsecretário executivo de Saúde Gabriell Neves —o último foi preso na Operação Mercadores do Caos, deflagrada pelo MP-RJ (Ministério Público do Rio de Janeiro) no dia 7 de maio.
"Por fim, afirmam que as provas coletadas até esse momento indicam que, no núcleo do Poder Executivo do Estado do Rio de Janeiro, foi criada uma estrutura hierárquica, devidamente escalonada a partir do Governador, que propiciou as contratações sobre as quais pesam fortes indícios de fraudes. Para tanto, descrevem que W.W. [Wilson Witzel] mantinha o comando das ações (auxiliado por H.W. [Helena Witzel]), tendo seu Secretário E.S. [Edmar Santos], por meio da Resolução SES n° 1991, delegado funções a G.N. [Gabriell Neves], criando-se a estrutura hierárquica que deu suporte aos contratos supostamente fraudulentos."
A operação de hoje é originária de informações remetidas ao STJ pelo MPF (Ministério Público Federal) e pelo MP-RJ (Ministério Público do Rio de Janeiro), que investigam indícios de corrupção nos contratos firmados pela saúde do Rio.
Foram cumpridos mandados de busca e apreensão no Palácio Laranjeiras, residência oficial do governador, na casa de Witzel, no Grajaú, na zona norte do Rio, bem como no escritório de advocacia de Helena Witzel. Também foram alvos as sedes das secretarias Saúde e Fazenda.
Também por decisão de Benedito Gonçalves foram quebrados os sigilos sobre os dados contidos em telefones celulares e computadores apreendidos com os alvos, incluindo Witzel e a primeira-dama.
Em nota, o governador negou ter cometido irregularidades e criticou o vazamento de informações sobre a operação.
"Não há absolutamente nenhuma participação ou autoria minha em nenhum tipo de irregularidade nas questões que envolvem as denúncias apresentadas pelo Ministério Público Federal. Estranha-me e indigna-me sobremaneira o fato absolutamente claro de que deputados bolsonaristas tenham anunciado em redes sociais nos últimos dias uma operação da Polícia Federal direcionada a mim, o que demonstra limpidamente que houve vazamento, com a construção de uma narrativa que jamais se confirmará. A interferência anunciada pelo presidente da república está devidamente oficializada. Estou à disposição da Justiça, meus sigilos abertos e estou tranquilo sobre o desdobramento dos fatos. Sigo em alinhamento com a Justiça para que se apure rapidamente os fatos. Não abandonarei meus princípios e muito menos o Estado do Rio de Janeiro", afirmou Witzel.
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