Efeito dominó: Witzel perde 6 secretários após operação da PF
Wilson Witzel (PSC) perdeu seis nomes do primeiro escalão do seu governo desde o último dia 26, quando a PF (Polícia Federal) realizou a Operação Placebo, que investiga indícios de desvios de recursos públicos enquanto vigora estado de emergência na saúde em decorrência do novo coronavírus. As baixas envolveram desde a polícia até a pasta da Saúde.
Entre decisões sumárias de exoneração e pedidos de saída, Witzel deixou de contar com o secretário de Polícia Civil Marcus Vinicius Braga; seu "braço-direito" Lucas Tristão; o responsável pelas políticas de combate à pandemia Edmar Santos, além dos secretários da Casa Civil e da Fazenda, André Moura e Luiz Cláudio Rodrigues de Carvalho. O agora ex-secretário de Trabalho e Renda Jorge Gonçalves da Silva completa a lista.
Quatro dias depois da Operação Placebo, o secretário de Polícia Civil Marcus Vinicius Braga pediu demissão do cargo por desgastes com o governador.
A Polícia Civil teria trocado informações sigilosas com a PF para que a operação pudesse ser deflagrada, entre outros endereços, no Palácio Laranjeiras, residência oficial do chefe do Executivo, e na sede do escritório de advocacia da primeira-dama Helena Witzel.
O governador teria encarado o intercâmbio de dados como uma "traição" do secretário e a permanência dele se tornou insustentável.
As suspeitas de uma suposta estrutura ligada a fraudes em contratações emergenciais para o combate à epidemia fazem com que Witzel acumule dez pedidos de impeachment na Alerj (Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro) e precise agradar deputados para recompor a sua base aliada, além de frear uma eventual deposição.
Numa sinalização de trégua com o Parlamento, o governador publicou ontem a exoneração do então secretário de Desenvolvimento Econômico Lucas Tristão.
Conhecido como "garoto problema" no Legislativo fluminense, Tristão seria o elo entre Witzel e o empresário Mário Peixoto —um dos principais fornecedores do governo, preso preventivamente no mês passado pela Lava Jato. Peixoto é suspeito de envolvimento em fraudes na área da saúde.
Tristão era contestado por parlamentares desde o início do mandato, mas passou a ser chamado ironicamente de "governador em exercício" nos últimos tempos, diante dos seus superpoderes.
Ele é apontado por deputados como autor de intimidações e o principal responsável por produzir supostos dossiês contra 70 parlamentares com base em escutas telefônicas ilegais —o MP-RJ (Ministério Público do Rio de Janeiro) analisa essa denúncia.
A influência de Tristão sobre o governador era tão grande que a ele é atribuído o pedido feito dias antes para desligamento de dois "homens fortes" de Witzel: o então secretário da Casa Civil, André Moura, e o então secretário estadual de Fazenda, Luiz Cláudio Rodrigues de Carvalho, exonerados simultaneamente na semana passada.
As demissões, no entanto, tiveram reflexos imediatos e expuseram a falta de apoios pela qual o governador passa: seus dois líderes na Alerj, os deputados Márcio Pacheco e Léo Vieira (ambos do PSC), deixaram os postos após a troca de figuras do primeiro escalão do secretariado.
Investigado por desvios na Saúde, o ex-secretário Edmar Santos também pediu demissão na semana passada. A exoneração dele foi solicitada após a Justiça suspender sua nomeação para a Secretaria Extraordinária de Acompanhamento da Covid-19.
Antes deste cargo, Santos foi responsável pela pasta da Saúde, que atualmente é alvo de investigação de superfaturamentos e fraudes.
Os escândalos e suspeitas de corrupção ainda provocaram a saída do Republicanos do governo, o que fez com que o então secretário de Trabalho e Renda, Jorge Gonçalves da Silva, pedisse demissão.
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