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Gilmar Mendes: STF protegeu Bolsonaro ao suspender posse de Ramagem na PF

Jair Bolsonaro ao lado de Alexandre Ramagem - Foto: Carolina Antunes/PR
Jair Bolsonaro ao lado de Alexandre Ramagem Imagem: Foto: Carolina Antunes/PR

Do UOL, em São Paulo

05/06/2020 18h35

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes, afirmou hoje em entrevista para a CNN Brasil que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) foi protegido pelo ministro Alexandre de Moraes quando não pôde nomear Alexandre Ramagem para o comando da Polícia Federal (PF).

Gilmar Mendes avalia que a ação de seu colega não pode ser considerada uma interferência do STF pelas acusações do ex-ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro.

"A competência para nomear era do presidente, mas houve um grande imbróglio: a imputação feita por Moro ao presidente de que ele tinha propósitos de interferir indevidamente na PF", lembrou Mendes.

"Eu até hoje acho que o ministro Alexandre acabou protegendo o presidente. Porque se Ramagem tivesse tomado posse naquele ambiente, certamente teria dificuldade em dirigir a própria PF. E tinha sido aberto um inquérito pela Procuradoria-Geral da República"

O ministro declarou ainda que muitos apoiadores do presidente têm uma visão errada sobre como é feita a divisão dos Três Poderes.

"O que vejo é que alguns integrantes do Executivo têm talvez uma imagem que não tem da imagem constitucional de um presidencialismo imperial. Isso não existe", Gilmar Mendes

"O controle de constitucionalidade já é um controle de uma lei aprovada pelo congresso em face da Constituição. E quem exerce é o STF. Às vezes, uma lei é aprovada por unanimidade e é impugnada no STF. Alguém diria que isso é uma interferência na divisão ou estamos cumprindo nossa função? A mim parece que é a nossa função", concluiu.

Após ter a direção-geral da PF negada, Ramagem então foi indicado à diretoria-geral da Abin (Agência Brasileira de Inteligência), enquanto Rolando Alexandre de Souza foi o nome para a PF.