No Rio, família de João Pedro participa de marcha contra violência policial
Centenas de manifestantes, a maioria vestida de preto, participaram hoje de uma manifestação pacífica contra o racismo e a violência policial na tarde deste domingo (7) no Centro do Rio. O ato foi organizado por lideranças comunitárias de diversas favelas do Rio de Janeiro.
"Eu tô de preto, de favelado, que todo dia na favela é assassinado", era um dos principais gritos de guerra durante o trajeto aberto pela faixa "As mães negras não aguentam mais chorar".
O grupo protestou contra a morte de jovens negros durante operações policiais e a falta de condições para combater a pandemia do novo coronavírus, entre outras pautas. A mobilização adota estratégias para manter o isolamento social durante a marcha.
À frente da marcha, um grupo de manifestantes carregava grandes placas que formavam a frase "Vidas negras importam". Estava presente ao ato a família do menino João Pedro, 14 anos, morto durante uma operação conjunta da PF (Polícia Federal) e da Polícia Civil em São Gonçalo, na Região Metropolitana, em maio.
Além dele, foram lembrados também Ágatha Félix, morta no ano passado, Marcos Vinícius, em 2018, e Maria Eduarda, em 2019, além de lembrar o assassinato até hoje sem esclarecimento da vereadora Marielle Franco, há dois anos.
O movimento lembra ainda em cartazes a morte de George Floyd pela polícia nos Estados Unidos. Neles, lê se a frase "Não consigo respirar", proferida por Floyd ao ser imobilizado por um oficial americano.
Os manifestantes se concentraram por voltas das 13h30 nas proximidades da estátua de Zumbi dos Palmares, na Avenida Presidente Vargas, principal via do Centro do Rio. Pouco depois das 14h, saíram em passeata com destino à Igreja da Candelária, localizada no fim da mesma via.
Por volta das 16h, todos deitaram no chão simulando corpos mortos por policiais e gritaram a frase que ficou marcada nos protestos de todo mundo, "Vidas negras importam".
Segundo um dos organizadores, Gabriel Murga, a polícia revistou os participantes, mas o clima no início da tarde era pacífico. Apenas a presença de uma bandeira de um partido político rendeu um princípio de tensão no evento, mas foi logo resolvido sem maiores consequências.
A PM proibiu que as pessoas presentes ao ato transportassem mais de 50 ml de álcool gel, segundo diversos relatos nas redes sociais. Também houve relatos de que um oficial da Polícia Militar impediu o uso de megafone, e parte dos policiais não usava nenhum tipo de identificação visível em suas fardas.
Um grupo de ativistas afirmou ter sido detido por PMs antes da manifestação, ao chegarem ao ponto de concentração. Segundo eles, a alegação foi que transportavam álcool gel. Os quatro teriam sido levados para a 21ª DP (Bonsucesso).
Um outro grupo, de aproximadamente dez pessoas, entrou em confronto com PMs antes do início ato, de acordo com a rádio BandiNews FM.
Simultaneamente, muitas panelas foram ouvidas nos bairros do Flamengo, Laranjeiras, Jardim Botânico, Santa Teresa e Grajaú, entre outros. O ato terminou há pouco, com os manifestantes sendo acompanhados durante toda a dispersão até a entrada do metrô.
Prisões
Pela manhã, algumas dezenas de manifestantes pró-governo se manifestaram em apoio ao presidente Jair Bolsonaro na orla de Copacabana, na zona sul do Rio.
A Polícia Militar relatou ter efetuado prisões em duas abordagens no bairro. Em uma delas, um grupo de quatro homens foi detido em um carro na Avenida Atlântica, onde era realizado o ato bolsonarista. Com eles foram encontrados três facas, cinco bastões de madeira e fogos de artifício. Não há informações se os homens iriam participar do ato ou tentar confrontá-lo. Um outro homem foi detido na Avenida Nossa Senhora de Copacabana portando um martelo, faca, barra de ferro e tesoura.
*Com agências.
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