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Empresário investigado diz que PF foi 'abusiva', e cita caso Adélio

Luís Felipe Belmonte dos Santos - WERTHER SANTANA/ESTADÃO
Luís Felipe Belmonte dos Santos Imagem: WERTHER SANTANA/ESTADÃO

Do UOL, em São Paulo

16/06/2020 19h28

O empresário e vice-presidente do Aliança pelo Brasil, Luís Felipe Belmonte, declarou hoje que a Polícia Federal (PF) foi abusiva e não seguiu os protocolos recomendados durante a pandemia do coronavírus ao cumprir na manhã de hoje mandados de busca e apreensão sobre apoio a manifestações antidemocráticas.

Em entrevista para a CNN, Belmonte disse que a PF não informou a finalidade da operação ao entrar em sua casa e contou que teve seu celular apreendido.

"Pela imprensa, fiquei sabendo que era para saber se tinha algum financiamento de campanha. Eles entraram 6h da manhã na minha casa, tudo bem. Agora, querem subir onde moram meus filhos com sapato, que é um recomendação nessa época de covid para que não faça isso, entram no quarto dos meus filhos de 12 e 4 anos", contou.

"Eu admirei porque aos advogados do Adélio [Bispo, responsável pelo ataque contra Jair Bolsonaro (sem partido) em 2018], não se permitiu a verificação dos celulares, alegando que seria uma violação. Celulares dos advogados de quem tentou matar o presidente ninguém pode pegar, agora o celular de quem apoia a criação do partido do presidente pode ser pego?", reclamou.

O aliado de Bolsonaro apontou ainda que seria mais fácil quebrar o sigilo fiscal do que ir até sua casa, que é o "templo sagrado de qualquer cidadão".

"Tenho um filho de 12 anos que acordou e disse: 'Pai, quem são esses homens?'. Então o princípio da dignidade humana, previsto no artigo 1º da Constituição, que além disso são objetivos fundamentais construir uma sociedade livre, justa e solidária... esses preceitos não foram atendidos por uma atuação que eu reputo como abusiva."

O empresário garantiu que não financiou nenhum ato democrático, e usou Jesus como exemplo para citar que não tem controle sobre todos que participam nos atos. "Jesus teve 12 apóstolos. Um o traiu, outro o negou. Nem Jesus controlou 12, imagina como eu vou controlar todo mundo que quer se manifestar?"

A Polícia Federal cumpriu na manhã de hoje 21 mandados de busca e apreensão em desfavor de aliados do presidente Bolsonaro. Entre os alvos estão dirigentes da sigla que o mandatário tenta fundar, o Aliança pelo Brasil, um deputado federal e blogueiros e youtubers de direita.

As ordens foram do STF (Supremo Tribunal Federal) e foram autorizadas no âmbito de um inquérito chefiado pelo ministro Alexandre de Moraes. O procedimento investiga a origem de recursos e a estrutura de financiamento de grupos suspeitos de promoverem manifestações de rua com pautas antidemocráticas.

Foram mobilizados agentes da PF em cinco estados (São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Maranhão e Santa Catarina) e no Distrito Federal.

Eventuais informações e provas obtidas pela Polícia Federal também poderão ser utilizadas em outro inquérito em curso no STF: o que apura produção e disseminação de fake news. As investigações são conexas e miram apoiadores do presidente e membros da cúpula bolsonarista.