Zema quer diálogo entre governo e Congresso e diz que Brasil pede reformas
Resumo da notícia
- Governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo) participou do UOL Entrevista
- Zema defendeu mudanças no funcionalismo público, nos impostos e na política
- Para ele, momento não é apropriado para desentendimentos entre Poderes
- Ele lamentou recorde de óbitos em MG e teme falta de atendimento médico
- Zema demonstrou preocupação com economia: "Não teremos auxílio emergencial por dois ou três anos"
O governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), disse hoje em participação no UOL Entrevista que o Brasil "anseia" por reformas e fez um apelo ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido) para que haja maior diálogo entre o governo federal e o Congresso.
"Reformas passam necessariamente pelo Congresso Nacional", afirmou o governador ao colunista do UOL Josias de Souza. "Ter abertura ao diálogo é fundamental", completou.
Zema afirmou que as únicas reformas "de fato" que o país teve nos últimos 25 anos foram a reforma Trabalhista, aprovada na gestão do ex-presidente Michel Temer (MDB), e a reforma da Previdência, aprovada no governo Bolsonaro.
Como exemplos de reformas que, na avaliação do governador, ainda precisam ser feitas, Zema defendeu a necessidade de mudanças no funcionalismo público, nos impostos e na política.
"[Precisamos] Acabar com promoções automáticas, quinquênio, que ainda existem em alguns cargos na esfera pública. Precisamos de uma reforma tributária, para simplificar, não reduzir [impostos], e reduzir a insegurança jurídica que existe. E precisamos ainda de uma reforma política para melhorar a representatividade", disse.
O governador apontou como um problema o fato de um candidato a deputado por Minas Gerais, por exemplo, ter de fazer campanha nos mais de 300 municípios do estado. "[Isso] Encarece a campanha e, muitas vezes, faz com que ele não tenha representatividade".
"Em momentos de crise, união é necessária"
Questionado sobre a escalada de tensão entre o presidente Bolsonaro e ministros do STF (Supremo Tribunal Federal), Zema declarou que o momento não é apropriado para desentendimentos entre os Poderes.
Na noite de ontem, após aliados de Bolsonaro terem os sigilos fiscais quebrados por ordem do Supremo, o presidente falou em "tomar medidas legais" e disse que não pode "assistir calado" enquanto "direitos são violados e ideias são perseguidas". Os aliados do presidente foram alvo de mandados de busca e apreensão por investigação sobre manifestações antidemocráticas.
Em momentos de crise, a união se faz mais do que necessária. Fico assustado e triste em ver que, na esfera federal, esse tipo de ação não esteja ocorrendo.
Zema voltou a defender a necessidade da abertura ao diálogo e da humildade. "Tem hora que [o que importa] não é a razão, é o gesto de boa vontade: ceder de forma que flua da melhor maneira".
Coronavírus: temor é que falte atendimento médico
O governador mineiro lamentou o número recorde de óbitos pelo novo coronavírus nas últimas 24 horas no estado, que registrou 35 mortes em um dia.
Apesar de afirmar que o desempenho de MG no combate ao vírus tem sido "satisfatório", com índice de mortalidade superior apenas ao estado do Mato Grosso do Sul, Zema declarou que projeções estimam que o estado deve atingir o pico da curva de contágio em meados de julho, o que classificou como "preocupante".
"Está previsto que, durante esse período, o número de óbitos fique acima do que já foi", afirmou o governador. "Nosso grande temor é que falte atendimento médico, e estamos tomando as medidas para que não haja [esse problema] e que as perdas de vida sejam somente devido a causas que escapam qualquer recurso médico, e não a falta de leitos".
Auxílio emergencial e retomada da economia
O governador também demonstrou preocupação com a retomada da economia, a estabilidade dos empregos e a perda de renda dos trabalhadores devido à pandemia. Ele afirmou que, apesar do atraso no início do pagamento do auxílio emergencial concedido pelo governo federal, a medida "tem funcionado adequadamente".
A grande preocupação é: a pandemia passa ou se estabiliza, mas e os empregos? Não vamos ter auxílio emergencial por dois ou três anos. Os empregos precisam voltar logo. As empresas precisam ter esse oxigênio para que não venham a falecer, para que uma quantidade de empregos seja mantida.
"Os que trabalham no mercado informal tiveram uma queda no rendimento, mas os R$ 600 conseguem fazer com que as pessoas passem pela tempestade. Alimento nós vamos ter, mas é algo preocupante, porque o informal será afetado. Se o auxílio ficar por um período menor do que a reativação da economia, as pessoas vão passar por momento de privação", declarou.
Governador critica troca de ministros da Saúde
Zema afirmou ainda que a troca de ministros da Saúde no Brasil, em meio à pandemia do novo coronavírus, aconteceu em um momento "inoportuno". Desde o início da crise sanitária, a pasta já foi comandada por três nomes: Luiz Henrique Mandetta, Nelson Teich e agora por Eduardo Pazuello.
"É o momento menos adequado para se fazer trocas, a não ser que seja alguém despreparado, que não era o caso do Mandetta, que tem boa aprovação popular. A troca veio no momento inoportuno. Na hora da tempestade é a hora da tripulação ter apoio, e não ser substituída", disse.
O governador mineiro avaliou ainda que a falta de um protocolo único para os estados e municípios fez com que alguns mais bem estruturados tivessem condição de implantar melhores práticas no combate à covid-19.
"Uma coordenação nacional teria ajudado em muito o Brasil (...) Caso o governo federal tivesse assumido essa frente, poderíamos estar numa situação melhor em alguns estados. Vários estados, como os do Sul, que estão entre os melhores do Brasil por serem melhor estruturados. Outros sofreram bastante", afirmou.
*Texto de Alex Tajra, Ana Carla Bermúdez, Bruno Madrid e Stella Borges. Produção de Diego Henrique de Carvalho
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