Flávio Bolsonaro e advogado diziam não saber paradeiro de Fabrício Queiroz
Em entrevista a uma revista no ano passado, o senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ) afirmou que não sabia do paradeiro do seu ex-assessor Fabrício Queiroz. Hoje, Queiroz foi preso em uma operação da Polícia Federal que investiga supostas "rachadinhas" na Alerj (Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro). Estava em Atibaia, em um imóvel do advogado do senador e do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), Frederick Wassef.
"Não o vejo há muito tempo, não falo com ele há muitos anos. Qualquer contato meu com ele pode ser entendido pela Justiça como uma tentativa de obstruir alguma coisa. Então tenho de tomar cuidado triplicado para evitar que algum mal-entendido aconteça", disse o senador em entrevista à revista "Época".
Ao jornal "O Estado de S. Paulo", também no ano passado, ele voltou a dizer que não tinha mais contato com Queiroz. "A última vez que falei com Queiroz foi quando, após a cirurgia do câncer, liguei para saber se estava tudo bem. E nunca mais falei com ele. Não sei onde está, não tenho informação".
A mesma afirmação foi feira por Wassef em entrevista dada à GloboNews em setembro de 2019. "Não existe a frase o sumiço de Fabrício Queiroz", disse à jornalista Andréia Sadi. Questionado sobre onde o ex-assessor estaria, respondeu: "Eu não sei onde ele está, não sou advogado dele".
A operação de hoje, batizada de Anjo, cumpre ainda outras medidas autorizadas pela Justiça relacionadas ao inquérito que investiga suposto esquema de rachadinha, em que servidores da Alerj devolveriam parte de seus salários ao então deputado Flávio Bolsonaro, que exerceu mandato de 2003 a 2019.
Queiroz estaria morando no local onde foi encontrado hoje há pelo menos um ano, segundo investigações. Além de dono do imóvel, Wassef é quem defende o senador no caso.
Ainda em 2019, a revista "Veja" mostrou que Queiroz estava morando no bairro do Morumbi, em São Paulo. Na época, ele ainda fazia tratamento contra um câncer no hospital Albert Einstein.
Quem é Fabrício Queiroz
O ex-assessor Fabrício Queiroz passou a ser investigado em 2018 depois que um relatório do Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras) indicou movimentação financeira atípica dele, que é amigo do presidente desde 1984.
Policial reformado ele, que havia atuado como motorista e assessor do então deputado estadual, movimentou R$ 1,2 milhão entre janeiro de 2016 e janeiro de 2017. O último salário de Queiroz na Alerj fora de R$ 8.517. Ele também recebeu transferências em sua conta de sete servidores que passaram pelo gabinete de Flávio.
As movimentações atípicas, que vieram à tona num braço da Operação Lava Jato, levaram à abertura de uma investigação pelo MP do Rio.
Uma das transações envolve um cheque de R$ 24 mil depositado na conta da hoje primeira-dama Michelle Bolsonaro. O presidente se limitou a dizer que o dinheiro era para ele, e não para a primeira-dama, e que se tratava da devolução de um empréstimo de R$ 40 mil que fizera a Queiroz. Alegou não ter documentos para provar o suposto favor.
Em entrevista ao SBT em 2019, Queiroz negou ser um "laranja" de Flávio. Segundo ele, parte da movimentação atípica de dinheiro vinha de negócios como a compra e venda de automóveis. "Sou um cara de negócios, eu faço dinheiro... Compro, revendo, compro, revendo, compro carro, revendo carro. Sempre fui assim", afirmou na ocasião.
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