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Delegado diz que Queiroz estava na casa de Atibaia há 1 ano; caseiro rebate

Do UOL, em São Paulo

18/06/2020 08h27Atualizada em 18/06/2020 13h42

O delegado da Polícia Civil de São Paulo Osvaldo Nico Gonçalves afirmou que Fabrício Queiroz, ex-assessor de Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ), estaria na casa do advogado Frederick Wassef, em Atibaia (SP), há cerca de um ano, segundo o caseiro do local. A informação foi rebatida pelo próprio caseiro.

De acordo com o delegado em entrevista ao canal GloboNews, Queiroz estava sozinho na casa quando os policiais chegaram para prendê-lo. A residência, ainda segundo a polícia, era monitorada há cerca de dez dias.

Já o caseiro, em entrevista à CNN Brasil, negou que Queiroz estivesse morando no mesmo terreno há muito tempo.

"Tem pouco dias que está aí, quatro dias que veio ver um negócio de saúde. O rapaz aqui estava em tratamento de saúde, estava ficando aqui para se tratar de saúde, estava com câncer, essas coisas, câncer de próstata", afirmou.

A prisão de Queiroz

O caseiro estava em uma edícula que fica no mesmo imóvel. Ao chegarem no local, os policiais tocaram a campainha, mas como ninguém atendeu cortaram uma corrente e forçaram a entrada no imóvel, segundo Gonçalves.

"A reação dele [Queiroz] foi tranquila, não esboçou reação. Só falou que estava um pouco doente", declarou o delegado.

Gonçalves afirmou ainda que foram apreendidos com Queiroz dois celulares, documentos e uma pequena quantia em dinheiro —o valor não foi revelado.

Advogado dizia não saber paradeiro de Queiroz

Em entrevista à jornalista Andreia Sadi, da GloboNews, em setembro do ano passado, o advogado de Flávio e Jair Bolsonaro (sem partido) disse não saber onde Queiroz estava. "Não sei, não sou advogado dele", disse Wassef quando questionado sobre o paradeiro de Queiroz.

Ainda em 2019, o senador Flávio Bolsoaro também alegou não saber onde seu ex-assessor estava.

Quem é Fabrício Queiroz

O ex-assessor Fabrício Queiroz passou a ser investigado em 2018 depois que um relatório do Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras) indicou movimentação financeira atípica dele, que é amigo do presidente desde 1984.

Policial reformado ele, que havia atuado como motorista e assessor do então deputado estadual, movimentou R$ 1,2 milhão entre janeiro de 2016 e janeiro de 2017. O último salário de Queiroz na Alerj fora de R$ 8.517. Ele também recebeu transferências em sua conta de sete servidores que passaram pelo gabinete de Flávio.

As movimentações atípicas, que vieram à tona num braço da Operação Lava Jato, levaram à abertura de uma investigação pelo MP do Rio.

Uma das transações envolve um cheque de R$ 24 mil depositado na conta da hoje primeira-dama Michelle Bolsonaro. O presidente se limitou a dizer que o dinheiro era para ele, e não para a primeira-dama, e que se tratava da devolução de um empréstimo de R$ 40 mil que fizera a Queiroz. Alegou não ter documentos para provar o suposto favor.

Em entrevista ao SBT em 2019, Queiroz negou ser um "laranja" de Flávio. Segundo ele, parte da movimentação atípica de dinheiro vinha de negócios como a compra e venda de automóveis. "Sou um cara de negócios, eu faço dinheiro... Compro, revendo, compro, revendo, compro carro, revendo carro. Sempre fui assim", afirmou na ocasião.