Moro admite plágio em artigo jurídico, mas culpa coautora do texto
O ex-ministro da Justiça e Segurança Pública Sergio Moro admitiu plágio em um artigo jurídico assinado por ele. Vítima da cópia, o advogado Marcelo Augusto Rodrigues de Lemos disse ao UOL que espera uma retratação formal do ex-juiz.
Lemos conta que descobriu o plágio por acaso. Estava pesquisando na internet quando se deparou com um artigo assinado por Moro e pela advogada Beathrys Ricci Emerich sobre um tema de seu interesse. Beathrys é aluna de Moro em um curso de pós-graduação.
O texto, publicado na revista Relações Internacionais no Mundo Atual, da Unicuritiba, tratava de lavagem de dinheiro para o crime organizado por meio do pagamento a advogados.
"Quando comecei a ler fiquei chocado. Esse texto tinha transcrições literais do meu texto", diz Lemos. "Esse é um assunto que eu pesquiso há muitos anos."
O artigo de Lemos foi escrito em novembro de 2019 para o site especializado Conjur. O texto defende que advogados não têm obrigação de saber a origem dos honorários que recebem.
Já o artigo do ex-ministro foi publicado em abril deste ano.
Em nota encaminhada ao UOL, Moro admite o plágio, mas culpa a advogada, a quem orienta em um curso de pós-graduação.
O artigo em questão foi escrito em coautoria acadêmica, sendo a redação toda da orientanda. Infelizmente, ela cometeu um erro metodológico ao utilizar dois pequenos trechos sem citar o autor. O artigo foi retirado da revista, ela já reconheceu o erro e pediu desculpas ao autor. É o trabalho de uma aluna de pós graduação que cometeu um erro e já o corrigiu, o que é louvável
Sergio Moro, ex-ministro da Justiça e Segurança Pública
A advogada reescreveu o artigo —ainda não publicado— e pediu desculpas. "Aproveito a oportunidade para iniciar este trabalho retratando-me, juntamente com o meu coautor, Sr. Sergio Moro, pelo erro metodológico que cometi ao omitir inadvertidamente no presente estudo as referências à citação de um parágrafo do artigo científico de autoria do ilustre jurista, Dr. Marcelo Augusto Rodrigues de Lemos."
Retratação e processo
Lemos espera, no entanto, uma retratação pública do próprio Moro, a quem ainda cogita processar.
"Eu ainda estou avaliando se processo", disse. "Fiquei chateado por não ter tido reconhecimento. Gostaria de ter sido citado porque foi uma transcrição literal, como se a ideia tivesse partido da cabeça dele."
A gente fica triste. Estou analisando o que posso fazer em relação a isso. Gostaria de, no mínimo, uma retratação e reconhecimento, porque da trabalho escrever um artigo. É objeto de pesquisa, algo que eu venho estudando há anos.
Marcelo Augusto Rodrigues de Lemos, advogado
Sobre Moro, disse não ter "nada pessoal contra ele".
"Temos divergências em relação ao modo como foram operacionalizados alguns processos quando ele era juiz, mas isso é normal."
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