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"O Moro é um mentiroso e o Dallagnol é um moleque", diz Lula

O ex-presidente Lula chamou o ex-juiz Sergio Moro de mentiroso e Deltan Dallagnol de moleque - Reprodução/Twitter
O ex-presidente Lula chamou o ex-juiz Sergio Moro de mentiroso e Deltan Dallagnol de moleque Imagem: Reprodução/Twitter

Do UOL, em São Paulo

09/07/2020 11h29

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) chamou hoje o ex-juiz Sergio Moro de "mentiroso" e o procurador da República Deltan Dallagnol, coordenador da força-tarefa do Ministério Público Federal que atua na Operação Lava Jato em Curitiba, de "moleque".

"Eu desafio o Moro, até vocês poderiam propor um debate dele com a acusação dele e eu a minha defesa. Quero provar que o Moro é mentiroso, foi falso, mentiu o tempo inteiro. Era necessário, e ele confirma isso depois que aceitou ser ministro, ele excessivamente não aceita nenhum argumento que aceitamos. Levei 83 testemunhas e não valeu absolutamente nada (...) Quando Léo Pinheiro (ex-presidente da OAS) falou que o Lula sabia foi a senha para ele me condenar. Ele não foi juiz, foi cabo eleitoral, mentiu e segue mentindo até hoje", disse o petista em entrevista à rádio Gaúcha.

Lula foi condenado e preso em abril de 2018 no caso do tríplex do Guarujá. Ele sempre negou as acusações.

"O Moro é mentiroso e o Dallagnol um moleque irresponsável. O Moro deveria ter sido exonerado pela quantidade de mentira que ele colocou no processo, eu não estou inventando, eu tenho o processo. O Dallagnol deveria ter sido exonerado porque passou duas horas me acusando sem provas", acrescentou Lula.

Em entrevista ao UOL na última terça-feira, o procurador admitiu que a apresentação em PowerPoint usada para explicar a denúncia contra Lula em 2016 poderia ter sido apresentada de uma outra forma "para evitar críticas", mas defendeu seu conteúdo. No mesmo dia, a defesa do ex-presidente reagiu às declarações e disse, por meio de nota, que Dallagnol deu informações "factualmente incorretas" na entrevista.

"Não posso tratar de um cidadão que não me respeitou, que me tratou por chefe de quadrilha, que não dá nem conta que a PF já anulou a hipótese de quadrilha", disse Lula hoje sobre o procurador.

De acordo com a defesa do ex-presidente, Dallagnol foi "incorreto" ao não mencionar que Lula foi absolvido no processo do "quadrilhão do PT", que tramitou na 12ª Vara Federal de Brasília, no qual o juiz Marcus Vinicius Reis Bastos o absolveu da tese da Lava Jato apresentada no PowerPoint: a de que Lula "comandou a formação de um esquema delituoso de desvio de recursos públicos".

'Transformaram Lava Jato em partido político'

Como afirmou em outras ocasiões, Lula disse que ele e sua sucessora, a ex-presidente Dilma Rousseff (PT), criaram condições que facilitaram o que combate à corrupção no país e que nunca interferiu na Polícia Federal.

"A Lava Jato poderia ser um bom processo de luta contra corrupção, mas o que eu e a Dilma criamos que facilitou isso. Eu nunca me intrometi na Policia Federal. Se alguém fortaleceu esta instituição fui eu", declarou.

"Transformaram a Lava Jato num partido político. Decidiram que era preciso tirar o Lula da eleição de 2018 porque o Papa Francisco e todo eleitor sabia que eu ganharia a eleição. Era preciso criar uma mentira", continuou ele.

Lula avaliou ainda que o PT cometeu erros "como qualquer partido político".

"O PT tem dois milhões de pessoas, alguém pode cometer um erro. Mesmo quando eu era presidente, a PF entrou na casa de um irmão meu. Se você fez algo errado, tem que pagar. A polícia foi lá, esculhambou a casa do meu irmão, até pensei em chamar para conversar, mas falei que iria deixar barato para não dizer que o presidente estava defendendo seu parente. Nós valorizávamos a PF, o MP (Ministério Público) (...) O PT... Se alguma pessoa fez errado, tem que pagar", disse.

Eleição de 2022

Durante a entrevista, Lula não descartou ainda concorrer novamente à Presidência — ele está enquadrado na Lei da Ficha Limpa, que impede que condenados em segunda instância possam disputar uma eleição.

"(...) Não vou dizer que não vou concorrer. Acho que tem gente nova que pode ser candidato. Mas eu, embora 74 anos, estou me preparando para ter energia de 30, e às vezes, eu falo que também tenho muita vontade de recuperar a democracia neste país. E eu ajudaria recuperar até sendo cabo eleitoral de companheiro", disse.