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Itamaraty promove palestra com autor que sugeriu que Gilmar fosse preso

Cartaz de promoção da conferência virtual de Flávio Gordon - Reprodução
Cartaz de promoção da conferência virtual de Flávio Gordon Imagem: Reprodução

Do UOL, em São Paulo

16/07/2020 11h10

Entidade vinculada ao Itamaraty, a Funag (Fundação Alexandre de Gusmão) promove neste mês de julho uma conferência virtual com o antropólogo e autor Flávio Gordon, defensor do governo de Jair Bolsonaro (sem partido), doutor em antropologia e autor do livro "A corrupção da Inteligência".

Nas redes sociais, Gordon faz ou compartilha críticas frequentes à China, ao comunismo e ao chamado globalismo. Ele também defende ideias do escritor Olavo de Carvalho, antigo guru da família Bolsonaro. Nesta semana, o antropólogo também fez uma postagem sugerindo que o ministro do STF (Superior Tribunal Federal) Gilmar Mendes fosse preso.

"Por favor, só me avisem quando o Gilmar Mendes for preso", escreveu Gordon, que tem mais de 100 mil seguidores em seu perfil no Twitter.

A postagem veio na esteira do embate de membros do governo com o ministro em decorrência de uma declaração na qual Gilmar diz que o Exército poderia estar se associando a um genocídio durante a pandemia do novo coronavírus.

A palestra online, agendada para as 19h (de Brasília) do dia 28 de julho, tem o tema "Globalismo e comunismo" e, em seu cartaz promocional na página da Funag, conta com os logos da fundação, do Itamaraty e do governo.

Em seu perfil de Twitter, Flávio Gordon se mostra um defensor ferrenho de Jair Bolsonaro, com posts que endossam posições já manifestadas pelo governo, como a de que a China escondeu o coronavírus no inicio da pandemia.

A Funag, que é voltada para a difusão de temas da agenda da política externa brasileira, vem sendo usada, desde que o ministro Ernesto Araújo assumiu o Itamaraty, para divulgar autores e obras alinhados com a política externa brasileira, com o bolsonarismo (linha de ação do presidente Jair Bolsonaro) e o olavismo (ideias de Olavo de Carvalho).

Reportagem recente do jornal "O Globo" mostrou que a fundação teria tentado usar sistemas de comunicação internos do governo federal para divulgar a milhões de servidores públicos palestras realizadas por blogueiros bolsonaristas investigados pelo STF (Supremo Tribunal Federal). O Ministério da Economia rejeitou o pedido.