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Presidente do PSL: Bolsonaro deixou de governar para pensar em 2022

Wanderley Preite Sobrinho

Do UOL, em São Paulo

24/07/2020 12h46

O presidente do PSL, Luciano Bivar (PE), afirmou hoje ao UOL Entrevista que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) enfraquece o ministro da Economia, Paulo Guedes, confronta as instituições, subestima a pandemia de covid-19 e "esquece" de governar para cuidar de sua reeleição. Apesar disso, ele rejeita o impeachment e espera que o eleitor decida sobre o futuro presidencial nas eleições de 2022.

Em entrevista ao colunista Tales Faria e ao repórter Carlos Madeiro, Bivar também comentou a possível expulsão da deputada federal Bia Kicis (DF) do PSL, que votou contra a PEC do Fundeb, defendida pelo partido.

Bivar disse que estava confiante com o início do governo Bolsonaro e as reformas de Estado iniciadas por ele, como a previdenciária. Em dado momento, no entanto, o presidente teria abandonado as mudanças em nome da reeleição.

Eu estava tão esperançoso para outras reformas (...) Mas, de repente, ele começou a se esquecer das coisas principais, que é governar o país, para se preocupar com as eleições de 2022. Acho que foi algo muito açodado, que preocupou a todos nós.

Bolsonaro "subestimou pandemia"

O presidente do PSL também criticou o comportamento presidencial diante da pandemia do coronavírus, que já matou mais de 80 mil brasileiros.

"Ele [Bolsonaro] subestimou os efeitos da pandemia e deixou o país despreparado", afirmou. "Se estivéssemos preparados, não teria tanto sofrimento. O pior é que está fora de controle. Não tem politica estabelecida sobre a pandemia. O povo está fazendo sua parte, mas precisa de uma massa representativa. É preocupante."

Para ele, Bolsonaro não deveria ignorar "dados científicos" em nome de convicções pessoais porque, ao ser eleito, ele teria de tomar o cargo "como um sacerdócio".

Bivar admitiu a possibilidade de que o presidente acabe responsabilizado, mas descartou o impeachment.

"Tudo é custo benefício: hoje significaria, num país fragilizado, um processo doloroso. Se a gente acredita no sistema, a gente tem de aguardar o tempo certo", afirmou. "Será que vale a pena abrir um processo agora ou esperar uma nova eleição em um ano e meio?".

Agredir o STF "é retrocesso"

Bivar também criticou a relação de Bolsonaro com as instituições, como o STF (Supremo Tribunal Federal) e o Congresso. "No momento em que você fustiga a democracia, isso é assustador. (...) Quando vejo esse viés autoritário, que descaminha das instituições do país, isso me assunta."

Ele chegou a reconhecer o papel da esquerda, "mais contundente na defesa das instituições democráticas".

"Nossas diferenças são grandes, mas estamos na mesma esteira na defesa da democracia", disse. "Tem deputado que agride o próprio Parlamento, um contrassenso."

Bia Kicis é "individualista e rebelde"

O presidente do PLS ainda comentou a possibilidade de que Bia Kicis acabe expulsa da legenda após voto contra a PEC do Fundeb, contrariando o partido, que nos bastidores ameaça a parlamentar.

De acordo com ele, o motivo é "fraco" para a expulsão, mas a decisão será do conselho de ética do PSL. Ele, no entanto, não poupou críticas à parlamentar.

"A sigla não pode expulsar do dia pra noite. A Bia, a gente sabe, que ela sempre foi muito indisciplinada já na bancada. (...) Ela já tinha esse comportamento rebelde, individualista."

Ele disse que "no momento certo o departamento jurídico" cuidará do caso dela e de outros parlamentares rebeldes. "Na janela, eles não estarão enfileirados no partido", aposta.