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Bia Kicis: "Bolsonaro poderia ter tido mais um pouco de delicadeza comigo"

Bia Kicis ao lado de Jair Bolsonaro durante campanha de 2018 - Facebook/Bia Kicis
Bia Kicis ao lado de Jair Bolsonaro durante campanha de 2018 Imagem: Facebook/Bia Kicis

Do UOL, em São Paulo

24/07/2020 08h31

Retirada da função de vice-líder do governo no Congresso Nacional, a deputada federal Bia Kicis (PSL-DF) disse, em entrevista ao jornal Correio Braziliense, que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) poderia ter comunicado sua decisão com mais delicadeza. Kicis disse que não se sente traída e manterá seu apoio, mas que o governo perderá com a sua destituição da posição.

A deputada ainda afirmou que foi convicta em seu voto contrário à aprovação do Fundeb (Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação) na Câmara dos Deputados, apontado como motivo da mudança.

"Não me sinto traída. Quando a gente ocupa um cargo como esse, é passível de ser trocado, porque a decisão é sempre de quem nomeia. Por qualquer motivo, a pessoa pode entender que é melhor mexer aqui, mexer ali. E isso não significa traição. Mas o presidente poderia ter tido mais um pouco de delicadeza para comigo, ter me informado para eu não saber pela imprensa. Mas não foi traição", disse.

Bia Kicis afirma que ficou sabendo da decisão pela imprensa, após a publicação no Diário Oficial da União na noite de de quarta-feira (22). A decisão aconteceu um dia após o voto contrário na aprovação pela Câmara da proposta de emenda à Constituição, que torna permanente o Fundeb.

"Eu entendo que deveria ser uma forma mais personalizada, exatamente por ser uma pessoa tão próxima do presidente. É muito comum as pessoas ficarem sabendo de demissão pela imprensa, mas quando você tem uma ligação com a pessoa, é uma questão até de delicadeza ser informada diretamente. Repito: não considero isso uma traição. Mas gostaria de ter sido informada pelo presidente", disse.

Bia Kicis ainda avaliou que fez um bom trabalho como vice-líder do Governo. Ela disse que manterá seu apoio a Jair Bolsonaro.

"Eu lamento que tenha saído, porque era uma das maiores colaboradoras com o governo em todas as pautas do Congresso. Eu sempre fui muito atuante. Acho que o governo perde com minha saída. Mas, espero que quem entre faça um bom trabalho. Cumpra sua missão", disse.

"(Continuo) completamente aliada do presidente. Nâo existe hipótese de eu romper com ele por causa disso. Posso ficar triste, chateada, mas é impossível romper com ele. O presidente costuma dizer "Ah, você é minha irmãzinha". Irmãos às vezes têm rusgas, brigam, têm ruídos, mas tudo fica bem", completou.

Apesar da mudança, Bia Kicis disse que não se arrepende do voto. "Dei um voto contrário a uma orientação do partido na questão do Fundeb, porque votei de acordo com minhas convicções a respeito do tema, e sabia que meu voto não influenciaria em nada o resultado da votação. Eu sabia que o resultado era importante para o governo, mas como não havia risco, optei por fazer uma objeção de consciência. Mas respeito a decisão do presidente de trocar a liderança", reafirmou.

Uma das principais aliadas do presidente no Congresso, Kicis está em seu primeiro mandato como deputada.

O governo Bolsonaro teve início em 1º de janeiro de 2019, com a posse do presidente Jair Bolsonaro (então no PSL) e de seu vice-presidente, o general Hamilton Mourão (PRTB). Ao longo de seu mandato, Bolsonaro saiu do PSL e ficou sem partido até filiar ao PL para disputar a eleição de 2022, quando foi derrotado em sua tentativa de reeleição.