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Ação contra antifascistas remete à ditatura, diz senador líder da oposição

Senador Randolfe Rodrigues concede entrevista ao UOL - Diego Bresani/UOL
Senador Randolfe Rodrigues concede entrevista ao UOL Imagem: Diego Bresani/UOL

Guilherme Mazieiro

Do UOL, em Brasília

30/07/2020 21h57Atualizada em 30/07/2020 22h02

O líder da oposição no Senado, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), condenou o dossiê produzido pelo Ministério da Justiça sobre o grupo dos policiais antifascistas e quatro acadêmicos chamados de "formadores de opinião". Segundo o senador, o ato remete ao período ditatorial do Brasil. O caso foi revelado pelo UOL.

"O governo Jair Bolsonaro tem que deixar de lado, imediatamente 1964, e começar a governar em 2020", disse em referência ao início da ditadura militar (1964-1985).

O colunista do UOL Rubens Valente revelou na sexta-feira (24) que o Ministério da Justiça, por meio de uma unidade pouco conhecida, a Seopi (Secretaria de Operações Integradas), fez um levantamento com nomes de 579 agentes da segurança pública estaduais e federais.

O dossiê foi distribuído a vários órgãos públicos de Brasília, como o CIE (Centro de Inteligência do Exército), o GSI (Gabinete de Segurança Institucional) e a Casa Civil da Presidência da República.

Após as revelações, a Rede ingressou no STF para contestar a investigação do Ministério da Justiça, chefiado por André Luiz de Almeida Mendonça.

"Em um país em que mais de 90 mil brasileiros já perderam a vida por conta da mais grave crise sanitária da história e outros milhões perderam empregos e outras tantas empresas já fecharam em decorrência da crise econômica, [Bolsonaro] tem coisas muito mais importantes para se fazer do que ficar bisbilhotando e perseguindo adversário", disse Randolfe.

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Ministro da Justiça e Segurança Pública, André Mendonça
Imagem: Ueslei Marcelino

"Ministro postulante ao STF"

O senador Humberto Costa (PT-PE) disse integrantes da oposição no Congresso avalia as informações "especialmente vindas da pasta de um ministro que é claramente postulante ao STF".

No final deste ano, com a aposentadoria do decano da corte Celso de Mello, Bolsonaro terá o poder de indicar um nome ao Supremo Tribunal Federal.

O nome de Mendonça para uma vaga na corte já é cotado desde meados do ano passado, quando ele comandava a Advocacia-Geral da União e Bolsonaro disse que indicaria ao Supremo um ministro "terrivelmente evangélico".

Para assumir a cadeira, o indicado pelo presidente terá que passar por sabatina e ser aprovado pelo Senado.

Outro senador que se manifestou sobre o assunto foi senador Nelson Trad (PSD-MS), presidente da Comissão Mista de Controle das Atividades de Inteligência no Congresso, que considerou "constrangedor, estranho e inútil" o dossiê do governo.

O governo Bolsonaro teve início em 1º de janeiro de 2019, com a posse do presidente Jair Bolsonaro (então no PSL) e de seu vice-presidente, o general Hamilton Mourão (PRTB). Ao longo de seu mandato, Bolsonaro saiu do PSL e ficou sem partido até filiar ao PL para disputar a eleição de 2022, quando foi derrotado em sua tentativa de reeleição.