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Bolsonaro diz que indicará ministro "terrivelmente evangélico" ao Supremo

Hanrrikson de Andrade

Do UOL, em Brasília

10/07/2019 09h29Atualizada em 10/07/2019 13h00

O presidente Jair Bolsonaro (PSL) afirmou hoje que indicará durante o governo um ministro "terrivelmente evangélico" para o STF (Supremo Tribunal Federal). Até 2022, quando se completará o mandato de quatro anos, o mandatário poderá sugerir dois nomes para a Corte. As indicações precisam passar por aprovação do Senado.

"Poderei indicar dois ministros ao STF, um deles será terrivelmente evangélico. Nós, aqui, enquanto parlamentares, respeitamos a todas as instituições, mas é ao povo que devemos lealdade", declarou o presidente durante um culto evangélico nesta manhã na Câmara dos Deputados.

Segundo Bolsonaro, a expressão "terrivelmente evangélico" havia sido utilizada pela ministra Damares Alves, da Mulher, Família e Direitos Humanos, adepta fervorosa da religião. "Estou plagiando a Damares", disse.

Em 31 de maio, Bolsonaro já havia cogitado a possibilidade de indicar um ministro evangélico para o Supremo. A afirmação foi feita em evento em um templo da Assembleia de Deus, em Goiânia (GO). Na ocasião, ele questionara se o Supremo não estava legislando, pois discutia usar a lei de crimes de racismo para punir a homofobia e a transfobia. Posteriormente, a Corte acabou aprovando a medida.

Bolsonaro deve escolher dois ministros do Supremo até o término do mandato. Em novembro de 2020, o ministro Celso de Mello completará 75 anos e deverá ser aposentado compulsoriamente. Em julho de 2021, será a vez de Marco Aurélio Mello se aposentar.

Na época, a declaração do presidente foi criticada por Marco Aurélio Mello. "Não sabemos se alguém professa Evangelho. Temos católicos e dois judeus (Luiz Fux e Luís Roberto Barroso). Mas o importante é termos juízes que defendam a ordem jurídica e a Constituição. O Estado é laico. O Supremo é Estado", afirmara o ministro ao jornal O Globo.

O evento, realizado pela Frente Parlamentar Evangélica, ocorreu horas antes do início da votação da reforma da Previdência no plenário. Bolsonaro chegou pela chapelaria da Casa e foi caminhando até o auditório Nereu Ramos, onde é realizada a solenidade.

Ao abrir o evento, o ministro Luiz Eduardo Ramos Baptista (Secretaria de Governo) brincou com Bolsonaro ao lembrar da declaração. Segundo o ministro, por ironia do destino, o presidente ainda não escolheu um ministro evangélico para o Judiciário, e sim para a articulação política. Ramos também disse que "abriu mão" de privilégios na função militar -ele é general de alta patente no Exército- para aceitar uma "missão".

"Estava escrito para que eu viesse aqui ajudá-lo com a misericórdia e a bênção de Deus", afirmou o ministro, que assumiu o lugar do general Carlos Alberto dos Santos Cruz, que deixou a pasta em 13 de junho.

Após o culto, Bolsonaro deixou o local e mostrou otimismo com a votação da reforma da Previdência, que deve ser realizada hoje no plenário da Câmara. Ao ser questionado sobre o que esperava da votação, o presidente respondeu: "Vitória". "Vou conversar com o Rodrigo Maia logo mais. A hora que ele chegar. No plenário a gente vê e eu converso com ele", disse.

Depois de um início complicado de tramitação, ontem, Maia encerrou a fase de debates e encaminhou a votação do texto-base do projeto para a manhã de hoje. A expectativa é que os trabalhos só sejam concluídos no fim da semana.

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UOL Notícias

O governo Bolsonaro teve início em 1º de janeiro de 2019, com a posse do presidente Jair Bolsonaro (então no PSL) e de seu vice-presidente, o general Hamilton Mourão (PRTB). Ao longo de seu mandato, Bolsonaro saiu do PSL e ficou sem partido até filiar ao PL para disputar a eleição de 2022, quando foi derrotado em sua tentativa de reeleição.