Na porta de hospitais do Rio, 'guardiões do Crivella' impedem denúncias
Uma reportagem do programa "RJ2", da TV Globo, expôs hoje um esquema da prefeitura do Rio de Janeiro para evitar que a população denuncie problemas na área da Saúde.
Um grupo no WhatsApp chamado "guardiões do Crivella", composto por funcionários da prefeitura, faz plantões na porta dos hospitais municipais para impedir a comunicação entre imprensa e pacientes. Um dos participantes informou à TV Globo que o próprio prefeito Marcelo Crivella (Republicanos) está no grupo e parabeniza a ação dos funcionários.
De acordo com a reportagem, o grupo tem uma escala rígida de horários — chegam às unidades de madrugada e mandam selfies para registrar onde estão. Na quinta-feira (27), o grupo responsável por "guardar" o Hospital Rocha Faria, na Zona Oeste, se atrasou, e o repórter Ben-Hur Correia conversou com os pacientes do local sobre a demora no atendimento, que no dia chegou a até cinco horas. No grupo, houve repreensão:
"Quem está no Rocha? Gente, muito triste, não derrubamos a matéria (...) Não pode haver falta, nem atraso. Falhamos no Rocha Faria. Inaceitável", escreveu um membro do grupo identificado como ML.
Hoje pela manhã, no Hospital Salgado Filho, no Méier, o repórter Paulo Renato Soares entrevistava uma pessoa quando um dos participantes do grupo interveio: "Fala isso não, meu querido".
O entrevistado questionou: "Como, perdi um dedo, não posso falar?"
Questionado pelo repórter, o funcionário público afirmou: "O hospital está tudo certinho, meu querido. O prefeito está trabalhando correto e bem".
À TV Globo, a prefeitura diz que "reforçou o atendimento em unidades de saúde municipais no sentido de melhor informar à população e evitar riscos à saúde pública, como, por exemplo, quando uma parte da imprensa veiculou que um hospital (no caso, o Albert Schweitzer) estava fechado, mas a unidade estava aberta para atendimento a quem precisava. A Prefeitura destaca que uma falsa informação pode levar pessoas necessitadas a não buscarem o tratamento onde ele é oferecido, causando riscos à saúde".
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