Prefeitura do Rio e Crivella são alvos de operação contra corrupção
A Prefeitura do Rio de Janeiro é alvo de uma operação realizada na manhã de hoje para apurar suspeitas de corrupção. O prefeito Marcelo Crivella (Republicanos) e membros do primeiro escalão do seu mandato estão entre os alvos. O celular de Crivella foi apreendido. Ele classificou a operação como "injustificada" e citou a proximidade da campanha eleitoral.
Ao todo, a Polícia Civil e o MP-RJ (Ministério Público do Rio de Janeiro) cumprem 22 mandados de busca e apreensão em endereços residenciais e funcionais de agentes públicos municipais e empresários. Entre os endereços alvos das buscas, estão a casa onde Crivella mora, na zona oeste da cidade, a sede da prefeitura, no centro, e o Palácio da Cidade, onde Crivella despacha.
Equipes do MP também estiveram na casa do ex-senador Eduardo Lopes (Republicanos-RJ). Ele foi suplente da vaga de Crivella no Senado e assumiu o cargo em 2016, quando o bispo licenciado da Igreja Universal do Reino de Deus disputou a Prefeitura do Rio. Outro alvo da operação é Mauro Macedo, que foi tesoureiro da campanha de Crivella ao Senado, em 2008.
Em comunicado, o MP-RJ diz que "a operação decorre de inquérito policial instaurado para investigar possível organização criminosa e esquema de corrupção no âmbito da administração municipal carioca".
Ação mira suposto 'QG da Propina' apontado por delator
O Ministério Público ainda informa que a ação de hoje é desdobramento da primeira fase da Operação Hades, realizada em 10 de março deste ano. A ação mira o chamado "QG da Propina" da Prefeitura do Rio —suposto esquema de pagamentos propina para a liberação de pagamentos da prefeitura.
O ex-presidente da Riotur Marcelo Alves e o irmão dele, Rafael Alves, estão entre os alvos. As investigações se baseiam no acordo de colaboração premiada do doleiro Sérgio Mizrahy, preso pela operação Câmbio, Desligo. Ele apontou Rafael Alves como chefe do esquema criminoso que acontecia na prefeitura.
Na manhã de hoje, Crivella manteve sua agenda e compareceu a uma formatura militar ao lado do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), segundo anunciou o cerimonial do evento.
Crivella é candidato à reeleição e, na semana passada, escapou da abertura de um processo de impeachment na Câmara Municipal. Apesar disso, ele será alvo de uma CPI que irá apurar o suposto uso de servidores municipais pagos para atrapalhar reportagens que denunciassem a situação crítica da saúde municipal. Organizados em grupos de Whatsapp, o maior desses grupos tinha o nome de "Guardiões do Crivella". O prefeito nega a prática.
Os mandados de hoje estão sendo cumpridos nas cidades do Rio de Janeiro (nos bairros da Barra da Tijuca, Jacarepaguá, Tijuca e Flamengo), de Petrópolis e de Nilópolis.
O que diz Crivella sobre a operação
Pouco depois das 17h, Crivella se manifestou por meio de nota divulgada por sua assessoria de imprensa.
O prefeito citou a proximidade das eleições e classificou a ação como "estranha". Segundo ele, na semana passada, seu advogado colocou à disposição do MP seus sigilos bancário, telefônico e fiscal após denúncias publicadas na imprensa.
"A ação durou cerca de uma hora e nada foi encontrado. Considero essa ação injustificada, já que sequer existe denúncia formal e eu não sou réu nesta ou em qualquer outra ação", disse o prefeito.
Crivella afirmou que a investigação tem como base reportagem do jornal O Globo sobre pagamento devido pela administração municipal à empresa Locanty. "Vocês podem conferir no site de transparência da Prefeitura que nunca durante o meu governo foi feito qualquer pagamento a essa empresa", disse.
Crivella voltou a criticar O Globo e a TV Globo.
O UOL não localizou as defesas dos irmãos Alves, Eduardo Lopes e Mauro Macedo. Assim que elas se manifestarem o posicionamento será incluído nesta reportagem.
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