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Alerj escolhe os 5 deputados que julgarão o impeachment de Witzel

O governador afastado do Rio, Wilson Witzel (PSC) - PILAR OLIVARES
O governador afastado do Rio, Wilson Witzel (PSC) Imagem: PILAR OLIVARES

Gabriel Sabóia

Do UOL, no Rio

29/09/2020 16h14

A Alerj (Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro) escolheu, na tarde de hoje, os nomes dos cinco parlamentares que vão compor o Tribunal Misto responsável por julgar o impeachment do governador afastado Wilson Witzel (PSC). Os escolhidos foram os deputados Alexandre Freitas (Novo), Waldeck Carneiro (PT), Chico Machado (PSD), Dani Monteiro (PSOL) e Carlos Macedo (Repubicanos). Eles foram escolhidos através de votação no plenário.

Macedo empatou em votos com o deputado Anderson Moraes (PSL) —cada um com 34 votos— e pediu recontagem. Diante do empate, ele foi escolhido por ser mais velho do que o colega.

Ontem, o TJ-RJ sorteou os nomes dos cinco desembargadores que vão completar o Tribunal Misto. Caso a maioria simples dos dez membros aceite a denúncia aprovada na última quarta-feira (23) contra Witzel, ele será afastado por 180 dias —dessa forma, ele ficaria "duplamente afastado" do cargo, já que o STJ (Superior Tribunal de Justiça) o distanciou do cargo no mês passado por seis meses.

Witzel terá esse período para apresentar a sua defesa ao Tribunal Misto. Na votação final, após a fase de recursos e argumentações jurídicas, são necessários dois terços dos votos do Tribunal Misto —sete votos— para cassar o mandato do governador afastado.

Como Witzel aposta que os cinco parlamentares serão favoráveis à sua saída do cargo —a Alerj aprovou o relatório do impeachment por unanimidade—, ele precisará dos votos de quatro desembargadores para se salvar do afastamento definitivo.

Defesa de Witzel repercutiu mal entre deputados

Em uma série de postagens em sua conta no Twitter na última quinta-feira (24), dia seguinte à votação da Alerj, Witzel afirmou que enfrentará o processo de impeachment de "cabeça erguida" e que provará sua inocência. Ele afirmou que a Alerj errou sob influência das redes sociais.

"O estrago na minha imagem política foi feito. E, infelizmente, a Alerj, pressionada pelas redes sociais, está cometendo um grande erro, cuja História há de demonstrar", disse.

Em tom inflamado, Witzel desafiou os deputados em seu discurso de defesa na Alerj dizendo não ser o único responsável, caso seja comprovado que organizações criminosas operaram esquemas de corrupção em seu governo. Para ele, os deputados foram "omissos".

"Se as máfias continuaram atuando no estado do Rio de Janeiro, não é só a minha omissão que deve ser considerada, mas de todos nós. Por aí dizem: 'Governador, renuncie'. Então vamos fazer o seguinte: renunciamos todos e fazemos eleição para deputado e para governador", disse Witzel.

As declarações não caíram bem entre os parlamentares. Para os deputados, Witzel segue a tônica de ataque e desqualificação à Comissão de Impeachment e às investigações conduzidas pela Casa.

"Não chega a ser novidade esse desdém aos deputados. Witzel não enxerga onde errou nesse tempo de mandato e continua com a mesma postura. É lamentável. É assim que ele pensa que mudará o voto de alguém?", questionou um parlamentar.