Centrão quer recriar ministérios e trocar chefe da Ciência e Tecnologia
Para sacramentar o apoio ao governo Jair Bolsonaro (sem partido), o centrão trabalha para a recriação do ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (Mdic) e o das Cidades. Além disso, o bloco quer indicar um substituto para o Ministério da Ciência e Tecnologia, hoje ocupado por Marcos Pontes. A medida, entretanto, enfrenta resistência do ministro da Economia, Paulo Guedes, que não quer abrir mão de comandar a política industrial do país.
Com as três vagas abertas, o governo acomodaria aliados do Progressistas, do Republicanos e do PL. Historicamente, o Progressistas ocupou o Ministério das Cidades, e o Republicanos, o Mdic. Essa distribuição, entretanto, ainda não está definida. Atualmente, o PSD ocupa o Ministério das Comunicações, com Fábio Faria (RN), mas o centrão quer mais espaço na Esplanada dos Ministérios, disseram quatro parlamentares ouvidos pelo UOL.
"O governo apanhou da mídia com a história de que estava se alinhando ao centrão, que seria a velha política e com vários personagens alvo da Justiça. Mas a popularidade do presidente cresceu junto com o auxílio emergencial. Não houve desgaste do presidente agora e não acreditamos em desgaste se os ministérios forem recriados. O ambiente é propício para isso", disse um parlamentar que acompanha de perto essas tratativas.
Ministério da Economia é contra desmonte
Apesar do apetite do centrão, Guedes é contrário ao desejo dos parlamentares de recriar o Mdic. Interlocutores do ministro avaliam que a medida traria prejuízos para a política econômica do governo de abertura comercial e de aumento da competitividade.
"O Mdic sempre foi usado politicamente durante governos anteriores. Quem queria fazer um pedido político recorria ao ministro de plantão, que pressionava o presidente para a concessão de subsídios ou benefícios fiscais. Isso seria um tiro no pé e teria potencial de abalar a credibilidade da equipe econômica", declarou um assessor de Guedes.
Boatos de que Guedes também não se oporia a recriação dos ministérios do Trabalho e da Previdência foram desmentidos por técnicos da equipe econômica. "Isso é boato espalhado pelos partidos que querem cargos na Esplanada dos Ministérios", resumiu um técnico reservadamente.
Diante dos rumores, Bolsonaro usou as redes sociais para afirmar que as negociações para a recriação de ministérios são fake news. Em sua live semanal, nesta noite, ele afirmou que não existe, no momento, qualquer interesse do governo em separar as pastas. "Esperando que o Banco Central se torne independente, a vente voltará a ter 22 ministérios", disse ele.
O líder do governo na Câmara, Ricardo Barros (PP-PR), também negou que haja intenção em recriar ministérios.
"Não está em cogitação a recriação das pastas", disse Barros ao UOL.
Outras lideranças do centrão, aliadas ao governo, minimizam a possibilidade de recriação das pastas, mas não negam que há ambiente. Segundo eles, há "muita especulação" e tentativas de "desestabilizar" as pastas dos ministros de Guedes, e de Rogério Marinho (Desenvolvimento Regional).
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