"A pedido", Bolsonaro dispensa Chico Rodrigues como vice-líder do governo
O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) solicitou hoje, por volta das 12h20, a dispensa do senador Chico Rodrigues (DEM-RR) da função de vice-líder do governo no Senado. A saída acontece "em atenção ao pedido" de Rodrigues, segundo mensagem direcionada ao Senado publicada em edição extra do Diário Oficial da União.
A Polícia Federal encontrou dinheiro na cueca e nas nádegas de Rodrigues ontem, durante operação em Boa Vista que apura desvios de recursos públicos destinados ao combate à pandemia de covid-19. Ao todo, os valores descobertos na casa do senador chegariam a R$ 100 mil, segundo informações do jornal O Estado de S.Paulo.
"Nos termos do art. 66-A do Regimento Interno dessa Casa do Congresso Nacional, em atenção ao pedido do Senhor Senador Francisco de Assis Rodrigues, solicito providências para a sua dispensa da função de Vice-Líder do Governo no Senado Federal", diz o texto publicado no DOU.
A permanência de Chico Rodrigues como vice-líder do governo era vista como insustentável. A expectativa era de que, se não pedisse para sair, seria retirado da função para não prejudicar mais ainda a imagem do governo.
Ele era um dos três vice-líderes do governo no Senado, os outros são Eduardo Gomes (MDB-TO) e Elmano Férrer (PP-PI).
Em nota enviada à imprensa após a saída de Chico Rodrigues, o Palácio do Planalto afirmou que a ação da Polícia Federal e da CGU (Controladoria-Geral da União) que flagrou o senador com dinheiro "é a comprovação da continuidade do governo no combate à corrupção em todos os setores da sociedade brasileira, sem distinção ou privilégios".
Horas após o anúncio, Chico Rodrigues afirmou em nota que é inocente. "Estou confiante na justiça, e digo que, logo tudo será esclarecido e provarei que nada tenho haver (sic) com qualquer ato ilícito de qualquer natureza."
"Não tenho nada com isso"
Hoje, mais cedo, Bolsonaro comentou o caso e afirmou a apoiadores na saída do Palácio da Avorada que não tinha "nada a ver com isso". O presidente tentou se afastar do senador e ainda culpou a imprensa por relacioná-lo ao caso.
"A operação de ontem é fator de orgulho para o meu governo, para o meu ministro Wagner Rosário e para a minha Polícia Federal, e não isso que a imprensa está falando agora, que tenho a ver com essa corrupção", afirmou.
Chico Rodrigues tornou-se vice-líder do governo em março do ano passado. À época, o senador afirmou que fora o próprio presidente quem o escolheu.
Como representante do governo no Senado, o senador tem trânsito livre no Palácio do Planalto, com direito a encontros frequentes com Bolsonaro. No final de março do ano passado, ele chegou a integrar a comitiva presidencial que viajou para Israel.
Presidente já disse ter "união estável" com Chico Rodrigues
Em um vídeo antigo resgatado hoje na internet após a repercussão do caso, o presidente diz ter "quase uma união estável" com Chico Rodrigues. Não é possível saber a data exata em que a cena foi filmada. "É quase uma união estável, hein, Chico", diz Bolsonaro, referindo-se ao longo tempo em que os dois foram deputados federais.
Eles permaneceram juntos na Câmara entre 1991 e 2011. Antes de ser eleito presidente, Bolsonaro exerceu sete mandatos como deputado em Brasília. Rodrigues, por sua vez, após deixar o Congresso, foi vice-governador e governador de Roraima. Em 2018, ele se elegeu senador.
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