Bolsonaro traiu seus eleitores ao indicar Kassio ao STF, diz Janaina
A deputada estadual Janaina Paschoal (PSL-SP) criticou hoje o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) por ter indicado o desembargador Kassio Nunes Marques ao STF (Supremo Tribunal Federal), acusando-o de não honrar a "pauta dos costumes" com seus eleitores.
"Do ponto de vista político, eu considero a indicação uma traição aos eleitores de Bolsonaro que tinham não só a expectativa de um ministro que cumprisse os requisitos constitucionais, mas que tivesse a pauta anticorrupção [entre suas bandeiras]", disse a parlamentar paulista em entrevista ao "Jornal da Manhã", da rádio Jovem Pan.
Janaina seguiu criticando a indicação, dizendo que existiam, sem citar nomes, "juristas de primeira linha" comprometidos com o que ela chamou de "pauta dos costumes" e "a favor da vida e da preservação da família" com aptidão para serem indicados ao STF. A deputada afirmou ainda que o Senado deve se espelhar no que ocorreu na indicação de Amy Coney nos Estados Unidos ao sabatinar o desembargador.
"Nós deveríamos nos inspirar recentemente nos Estados Unidos, onde uma senhora (Amy Coney Barret) claramente com condições de ocupar uma cadeira na Suprema Corte foi sabatinada por dias a fio com consistência, com seriedade. Tenho esperanças de que o Senado faça isso nessa semana, mas as notícias não animam", afirmou.
Janaina finalizou sua fala afirmando que imagina que, inevitavelmente, Kassio se tornará ministro do STF, mas que já entrou "naquela fase de rezar para estar errada".
"A carreira acadêmica do indicado, com todo respeito, não sugere que ele preenche os requisitos constitucionais", disse, citando suspeitas de plágio em dissertação que pesam contra o indicado. "É uma tristeza e uma decepção sem precedentes", concluiu.
Kassio Marques foi indicado por Bolsonaro à vaga deixada por Celso de Mello. O antigo decano se aposentou do STF no último dia 13 de outubro. A indicação deve ser avalizada pelo Senado, que fará uma sabatina com o candidato.
Bolsonaro ainda deve indicar mais uma pessoa ao Supremo durante seu mandato, já que o novo decano, Marco Aurélio Mello, vai se aposentar no ano que vem ao atingir a idade máxima para um ministro: 75 anos. Após descumprir a promessa de que a primeira vaga seria de alguém "terrivelmente evangélico", o presidente disse que indicará alguém da religião na próxima oportunidade.
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