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AL: Deputado usa tribuna e ameaça de morte suspeito de atentar contra filho

Carlos Madeiro

Colaboração para o UOL, em Maceió

20/10/2020 17h03

Antônio Albuquerque (PTB), deputado estadual em Alagoas, usou a tribuna da Assembleia Legislativa na manhã de hoje para denunciar que estaria sendo alvo de uma "trama" para o incriminar de assassinatos de suspeitos no atentado realizado contra seu filho ocorrido em 2012. Ele aproveitou o discurso para ameaçar de morte um dos suspeitos do crime, caso tenha a "alegria" de encontrá-lo, e insinuou que vai reagir "materialmente" e de forma "mais voraz e violenta" se receber qualquer intimação com acusação de eventuais crimes relacionados.

"Quero que fique registrado nesta casa que ainda há, inclusive, um desses elementos que participaram da tentativa [de assassinato] contra meu filho respondendo no presídio. Se eu tiver, senhor presidente, a alegria de vê-lo pessoalmente, que fique gravado, eu mato ele. Mato e respondo na forma da lei, como farei com qualquer um que atente contra a vida minha, do meu filho ou dos meus amigos que privam comigo das horas boas e das horas amargas. Sou cidadão e trago comigo o sentimento vivo da cidadania. Sou amigo dos meus amigos, sou leal", disse.

Nivaldo Albuquerque Neto (PTB-AL), à época com 24 anos e hoje deputado federal, sofreu um atentado em fevereiro de 2012 dentro de uma fazenda da família no município de Limoeiro de Anadia, agreste alagoano. Ele ficou internado por 23 dias para se recuperar dos ferimentos.

Sobre a acusação que diz estar sendo armada, Antônio diz que recebeu a informação de integrantes das instituições — em referência ao MP (MInistério Público) e ao TJ (Tribunal de Justiça) de Alagoas — de que "teria matado ou mandado matar" suspeitos do atentado de 2012.

O deputado lembrou em sua fala que chegou a ser preso, em 2008, acusado da morte do do cabo José Gonçalves da Silva Filho, ocorrido em 1996. Apesar de denunciado pelo MP de Alagoas como mandante, o TJ rejeitou a denúncia.

"Estou antecipando os fatos, que já fui preso sem ter feito nada. A minha reação foi uma, e agora será outra, e exatamente no tamanho e na proporção da minha indignação. E eu vou reagir não apenas na lei, mas vou reagir materialmente, para quem sabe dessa forma eu trazer à baila e ao conhecimento da população a conduta, o mau-caratismo que têm muitos que estão nos postos de autoridades públicas de Alagoas, posando de versais, quando não passam de sepulcros caiados, de homens covardes. A eles vou enfrentá-los pessoalmente, senhor presidente", garantiu.

Ele ainda afirmou que vai procurar o chefe do MP, Márcio Roberto Tenório, e o presidente do TJ, Tutmés Airan, para "deixar claro que não vou mais, de forma cidadã, receber na minha porta nenhum tipo de decisão teratológica".

"Muito mais, mas muito mais voraz e violenta, se necessário se tornar, será a minha reação, porque será a reação de um cidadão indignado, que não aceita mais por razão estar a mercê da covardia de políticos que caminham a passos largos em direção a sua derrota política", afirmou.

Para o deputado, a denúncia de seu nome seria uma antecipação a 2022, quando ele afirma ter interesse de se candidatar governador.

"O que mais me pasma nesse instante, o que mais me chama a atenção, não é simplesmente a covardia inescrupulosa, desqualificada, sem propósito (...); é que eu pensava que estávamos apenas discutindo as eleições de 2020. Mas isso que está acontecendo aponta para que o que já está sendo discutido agora são eleições de 2022 para o governo de Alagoas. E porque, modéstia à parte, o meu nome tem configurado entre aqueles que podem — no seu direito livre, soberano, democrático — disputar a eleição de 2022. Eles já começam a repetir perseguições que me foram dirigidas no passado recente", reclamou.

Truculência

Albuquerque já é conhecido por reações truculentas. Em maio, contrário ao endurecimento do isolamento social no combate à pandemia do novo coronavírus, desceu de seu apartamento em Maceió para gritar contra e ameaçar agentes de trânsito que multavam veículos parados em frente ao prédio de luxo onde mora, na orla da cidade.

Em 2009, após ter seu filho preso por porte de arma, ele discursou afirmando que houve um "sequestro" pela polícia e reclamou dizendo que ele era um cidadão, "coisa que o governador não é", em referência ao então governador Teotonio Vilela Filho (PSDB).

Procurada, a assessoria de imprensa do Tribunal de Justiça informou o órgão não vai se pronunciar sobre as declarações de Albuquerque. A assessoria do MP disse que também não se pronunciará.