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Após fala sobre pólvora, Bolsonaro diz que papel militar é fora da política

O presidente Jair Bolsonaro, na Escola de Comando e Estado-Maior do Exército  - Marcos Corrêa/PR
O presidente Jair Bolsonaro, na Escola de Comando e Estado-Maior do Exército Imagem: Marcos Corrêa/PR

Do UOL, em São Paulo

13/11/2020 19h43

Após insinuar que poderia usar militares contra os Estados Unidos, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) declarou que o papel das Forças Armadas é fora da política. A declaração segue um comentário do general Edson Leal Pujol, que havia defendido o distanciamento dos militares.

Segundo o presidente, as Forças Armadas devem permanecer apartidárias, mas destacou que têm de atuar "baseadas na hierarquia e na disciplina, sob a autoridade suprema do Presidente da República" em resposta a falas do general Pujol.

"São elas [as Forças Armadas] o maior sustentáculo e garantidores da democracia e da liberdade e destinam-se, como reza a Constituição, 'à defesa da Pátria, à garantia dos Poderes constitucionais e, por iniciativa de quaisquer destes, da lei e da ordem'", emendou.

Mais cedo, em uma tentativa de demarcar a distância entre o governo de Bolsonaro e as Forças Armadas, Pujol afirmou que os militares da ativa não querem fazer parte da política.

Pujol disse, em um seminário sobre defesa nacional, que "somos instituição de Estado, não somos instituição de governo".

"Não temos partido, nosso partido é o Brasil, independentemente de mudanças ou permanências de determinado governo por um período longo. As Forças Armadas cuidam do país, da nação, elas são instituição de Estado, permanentes, não mudamos a cada quatro anos a nossa maneira de pensar, de como cumprir as nossas missões", afirmou.

Hoje, o vice-presidente Hamilton Mourão (PRTB) se manifestou sobre a polêmica envolvendo membros das Forças Militares. Ele disse que a politização deve ficar afastada dos quartéis e ser restrita a quem está na reserva.

Para Mourão, se os militares da ativa passarem a fazer política, "a disciplina e a hierarquia sairão pelas portas dos fundos".

O vice-presidente explicou que discussões políticas podem causar problemas nas ações militares. "Nós já sofremos (com a politização) até antes do período de 1964. Foi um problema de politização da Força Militar, que só serviu para causar divisão. Não se envolver na politica está no regulamento".

O incômodo dos militares da ativa com a identificação do governo Bolsonaro com as Forças Armadas tem crescido. Hoje, nove dos 23 ministros do governo têm origem militar. Mais do que isso, o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello —chamado para atender uma situação de emergência e que acabou sendo efetivado no cargo— é da ativa e não tem planos de ir para reserva, o que incomoda os militares.

(Com Reuters)