Defesa de Moro alega 'surpresa' com decisão de Bolsonaro sobre depoimento
A defesa do ex-ministro Sergio Moro afirmou hoje que recebeu com 'surpresa' a decisão do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) de abrir mão do seu depoimento presencial no inquérito sobre a suposta interferência na PF (Polícia Federal). A investigação, que corre no STF (Superior Tribunal Federal), foi aberta após a denúncia feita por Moro quando ele pediu demissão do então cargo de ministro da Justiça e Segurança Pública.
O depoimento presencial de Bolsonaro foi determinado pelo ex-ministro do STF Celso de Mello, que se aposentou no mês passado. No entanto, o presidente não tinha a obrigação de comparecer à PF para dar explicações. A defesa de Bolsonaro, inclusive, pleiteava que o depoimento pudesse ser por escrito.
"A defesa do ex-ministro Sergio Moro recebe com surpresa o declínio do presidente da República de atender à determinação para depor em inquérito no qual é investigado", afirma a nota assinada por Rodrigo Sánchez Rios, advogado de Moro no STF.
Segundo a defesa do ex-juiz da Lava Jato, o depoimento de Bolsonaro seria necessário porque as investigações conduzidas até agora "demandam explicação" do presidente.
"A negativa de prestar esclarecimentos, por escrito ou presencialmente, surge sem justificativa aparente e contrasta com os elementos reunidos pela investigação, que demandam explicação por parte do presidente da República", acrescenta a nota.
Moro fez a denúncia alegando que Bolsonaro tentou interferir na PF com uma sugestão de troca no comando da corporação. Por conta disso, foi aberto um inquérito no STF e analisado o conteúdo de uma reunião ministerial realizada em 22 de abril, apontada por Moro como principal prova da tentativa de interferência do presidente.
Bolsonaro, entretanto, alega que a sua fala na reunião foi em referência ao GSI (Gabinete de Segurança Institucional), e não à Polícia Federal.
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