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Líder do centrão, Lira oficializa candidatura à Presidência da Câmara

Além do seu partido, o PP, Lira terá o apoio de mais sete legendas - Maryanna Oliveira/Câmara dos Deputados
Além do seu partido, o PP, Lira terá o apoio de mais sete legendas Imagem: Maryanna Oliveira/Câmara dos Deputados

Luciana Amaral

Do UOL, em Brasília

09/12/2020 16h20

O líder do centrão na Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), oficializou hoje à tarde a candidatura à presidência da Casa. Além do próprio partido, o lançamento de seu nome contou com o apoio de outras sete siglas: PL, PSD, Avante, Solidariedade, Patriota, Pros e PSC.

Há a expectativa que o PTB também anuncie o apoio a Lira em breve, segundo o presidente nacional do PP, senador Ciro Nogueira (PI).

O pleito interno está marcado para fevereiro de 2021, mas as disputas de candidatos ao cargo já começou. Arthur Lira conta com o apoio do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) para enfrentar o grupo articulado pelo atual comandante da Casa, Rodrigo Maia (DEM-RJ), que não poderá tentar a reeleição.

O centrão se aproximou do governo Bolsonaro nos últimos meses em busca de mais espaço e dinheiro na administração pública. Por outro lado, o Planalto buscou aprovar matérias de seu interesse no Congresso Nacional e impedir o eventual avanço de pedidos de impeachment de Bolsonaro.

O grupo de Lira conta hoje com cerca de 163 dos 513 deputados federais. Se o PTB oficializar o apoio, poderá chegar a cerca de 175 deputados. O número ainda não confere a Lira a maioria para se eleger e, por isso, ele tenta atrair a partidos de oposição e outros de centro.

Câmara independente

No discurso hoje, Arthur Lira procurou se posicionar como um eventual futuro presidente da Câmara disposto a ouvir a esquerda, minorias e a zelar pela independência do Legislativo. A imagem que quis transmitir foi de um moderador.

Ele disse que os partidos de centro são a "força moderadora" e que o plenário "depende dos partidos de centro, que sempre estiveram à disposição do Brasil, das pauta mais saborosas ou espinhosas".

Lira também falou que, se eleito, as pautas na Câmara serão levadas à discussão e "socializadas" entre os deputados. Ainda afirmou que as relatorias de projetos e propostas serão distribuídas de acordo com a proporcionalidade partidária e relatores terão autonomia para elaborar seus pareceres.

"Quem não cumpre acordo, não gera credibilidade. Quem não cumpre acordo, não gera simpatia, não gera prosperidade legislativa", declarou.

Em falas no evento, líderes dos partidos que apoiam Lira ressaltaram sua "fama de cumprir os compromissos" e o regimento da Câmara. O slogan da candidatura de Lira é "Para toda a Câmara ter voz". O candidato de Bolsonaro ainda acenou que articulará para que uma mulher tenha cargo de direção na Mesa Diretora.

Candidato de Maia indefinido

O grupo de Maia ainda não oficializou seu candidato, mas entre os cotados estão Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), Baleia Rossi (MDB-SP), Elmar Nascimento (DEM-BA), Luciano Bivar (PSL-PE) e Marcos Pereira (Republicanos-SP).

O bloco de Maia conta atualmente com MDB, PSDB, DEM, Cidadania e PV, que somam 106 deputados. Mais cedo, o atual presidente da Câmara disse que o governo está "desesperado" para colocar um aliado na Presidência da Casa e conseguir, dessa forma, pautar sua agenda de costumes, que também inclui a flexibilização da legislação ambiental.

Lira é réu no Supremo após denúncia por suspeitas de corrupção. No início do mês, ele foi absolvido sumariamente por um juiz do Tribunal de Justiça de Alagoas da acusação de comandar um esquema de "rachadinha" de 2003 a 2006, quando o parlamentar integrou a Assembleia Legislativa do estado.

Em nota, o Ministério Público de Alagoas afirmou estar "surpreso" com a decisão, que foi feita poucas horas depois de o jornal "O Estado de São Paulo" publicar reportagem detalhando o processo.