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Bolsonaro diz que demitiu ministro por excesso e nega pensar na Câmara

Do UOL, em São Paulo

10/12/2020 19h49Atualizada em 10/12/2020 21h24

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) reconheceu hoje que houve "excesso" por parte do agora ex-ministro do Turismo Marcelo Álvaro Antônio, que foi demitido ontem. Ele negou, porém, que a saída de Antônio e a futura nomeação de Gilson Machado, presidente da Embratur, sejam uma tentativa de conquistar apoio na Câmara dos Deputados.

A decisão pela exoneração foi tomada após o ministro ter enviado uma mensagem em um grupo interno do governo, acusando o ministro-chefe da Secretaria de Governo, Luiz Eduardo Ramos, de ser "traíra" e de negociar com o Congresso "a um preço altíssimo". O teor da mensagem foi confirmado a Carla Araújo, colunista do UOL, por outros dois ministros.

"Houve excesso, mas está resolvido. Infelizmente nós exoneramos o ministro Marcelo Álvaro Antônio, mas ele continua amigo nosso e no que pudermos ajudá-lo, ajudaremos", disse Bolsonaro durante sua live semanal.

O presidente criticou a imprensa —mais especificamente, a Folha de S.Paulo e O Estado de S. Paulo— por veicular que a demissão de Antônio já estava definida antes mesmo do episódio envolvendo o ministro Ramos. De acordo com os jornais, Bolsonaro pretendia, no futuro, dar o cargo a um parlamentar em uma possível reforma ministerial.

"Folha de S.Paulo, não teve nada de negociação. Impressionante, ou a Folha deturpa o que fala ou inventa. O Estado e a Folha parecem marido e mulher, vivem juntos, cheios de amor. O Estado de S.Paulo diz: 'Demissão do Turismo expõe ofensiva do governo na Câmara'. Ou seja, eu estaria entregando o ministério para alguém de um partido qualquer em troca de apoio na Câmara", acrescentou, negando que isso teria ocorrido.

Bolsonaro também afirmou que a posse de Machado deve ser marcada para a próxima semana. "Assinei hoje o seu termo de posse. Vai ser publicado, vamos fazer um evento", disse. Em seguida, o presidente brincou com o futuro ministro, que estava ao seu lado na live. "Você vai tomar posse segunda, ou quer deixar para quinta? Até lá posso me arrepender, hein?", disse, aos risos.

Ministro fala em retomar protagonismo

O novo ministro afirmou que pretende recuperar a imagem do Brasil no exterior. "Nosso país foi arquitetado para dar certo. Através do turismo, a gente vai fazer esse país ter o protagonismo que tem", afirmou.

Sem mostrar provas ou citar as fontes que respaldavam suas afirmações, Machado explicou que os aeroportos estão ficando lotados e que o setor está se recuperando. "A previsão é que em janeiro chegue a quase 100% da malha aérea interna (operando)", declarou.

Na manhã de hoje, o novo ministro divulgou uma nota à imprensa em que pediu que os estados não retomassem o lockdown no final deste ano, temendo que a crise no setor se agravasse. "Não podemos implementar lockdown novamente, pois o setor não aguenta."

O governo Bolsonaro teve início em 1º de janeiro de 2019, com a posse do presidente Jair Bolsonaro (então no PSL) e de seu vice-presidente, o general Hamilton Mourão (PRTB). Ao longo de seu mandato, Bolsonaro saiu do PSL e ficou sem partido até filiar ao PL para disputar a eleição de 2022, quando foi derrotado em sua tentativa de reeleição.