Prefeito sabe que rouba e nada faz, diz marqueteiro em mensagem a Crivella
Mensagens enviadas por WhatsApp pelo marqueteiro Marcello Faulhaber a Marcelo Crivella (Republicanos), prefeito afastado do Rio preso hoje de manhã, indicam a existência de uma organização criminosa estruturada, segundo o MP-RJ (Ministério Público do Rio). Os promotores entendem que a conversa demonstra que o publicitário teria registros de atos ilícitos durante a campanha eleitoral de 2016.
"Esse é um governo que rouba, que o prefeito sabe que rouba, e que mesmo assim não faz nada", escreveu Faulhaber a Crivella.
Ainda de acordo com o MP-RJ, os prints das mensagens foram encaminhados, posteriormente, ao empresário Rafael Alves, apontado pela investigação como integrante do "primeiro escalão" do grupo criminoso supostamente chefiado por Crivella. Ao se despedir, o publicitário avisa que as mensagens seriam repassadas para pessoas da sua confiança.
"Eu tenho um bom arquivo com registros de tudo que aconteceu na campanha com o Mauro e a minha equipe", escreveu Faulhaber a Crivella por WhatsApp, se referindo a Mauro Macedo, ex-tesoureiro das campanhas de Crivella e também apontado como integrante do primeiro escalão do esquema pelo MP-RJ.
"O seu Deus não é o Deus que eu respeito. O meu Deus expulsa os vendilhões do Templo. O seu é capturado por eles", escreveu. Após se queixar de promessas não cumpridas, ele anuncia o encerramento dos vínculos profissionais com Crivella. "De qualquer forma, pode ser que nos encontremos em campos opostos antes de futuras eleições", disse. De fato, se encontraram.
Nas eleições deste ano, Faulhaber atuou na campanha de Eduardo Paes (DEM), que se elegeu prefeito do Rio. Procurado pela reportagem para comentar a denúncia de Faulhaber, Eduardo Paes disse que "ele foi um prestador de serviço na campanha". "Só isso", finalizou.
O que diz a defesa de Faulhaber
Procurado pelo UOL, o advogado Fernando Fernandes, que representa Faulhaber, negou participação do marqueteiro no esquema. "A defesa irá novamente tomar medidas para demonstrar que ele não participou de nenhuma atividade ilícita do esquema imputado a Crivella", disse Fernandes.
Segundo o advogado, as mensagens atribuídas a Faulhaber na denúncia serão usadas como provas da própria defesa. "Os esclarecimentos e documentos apresentados foram provas de que Marcello não se relacionou em momento nenhum com os fatos imputados ao prefeito", argumentou.
Como funcionava o esquema, segundo o MP
O grupo, acusado de comandar um esquema ilegal que atuava na Prefeitura do Rio, responde pelos crimes de organização criminosa, lavagem de dinheiro e corrupção passiva.
De acordo com as investigações, empresas que desejavam fechar contratos com a prefeitura ou tinham recursos a receber do município eram obrigadas a pagar propina a Rafael.
Em troca, o empresário facilitava a assinatura dos contratos e o pagamento das dívidas. Contra ele, a polícia também cumpre um mandado de busca e apreensão de uma lancha que está em Angra dos Reis, na região da Costa Verde do Rio.
Também há mandados contra Fernando Morais (delegado), Cristiano Stokler e o empresário Adenor Gonçalves. O UOL entrou em contato com os advogados dos suspeitos, mas ainda não obteve retorno.
A ação em conjunto entre MP-RJ e Polícia Civil que levou à prisão de Crivella é um desdobramento da Operação Hades, deflagrada em março deste ano.
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