MPRJ pede quebra de sigilo de dados de Marcelo Crivella
O Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) pediu à Justiça a quebra de sigilo de dados do prefeito afastado Marcelo Crivella, incluindo três telefones, um tablet e um computador que foram apreendidos no apartamento dele na Barra da Tijuca, zona oeste do Rio. O requerimento foi feito a partir de representação da Polícia Civil do Rio de Janeiro.
Promotores acreditam que Crivella soube da Operação Hades, que aconteceu no dia 10 de setembro, quando foi alvo de busca e apreensão. O documento anexado ao processo contém imagens do então prefeito no corredor do seu condomínio às 5h30, minutos antes de os agentes chegarem ao seu apartamento.
Sendo assim, ele "se valeu de informações privilegiadas, obtidas de forma criminosa, a respeito de operações policiais sigilosas".
No documento, o MPRJ afirma que conforme detalhado na representação policial, Crivella "tem atuado de forma a obstruir, sorrateiramente, o
acesso a provas que deveriam estar em posse das autoridades policiais e ministeriais, inclusive por meio de expedientes maliciosos utilizados para burlar a ordem judicial de busca e apreensão que foi cumprida em 10/09/2020".
Ao chegarem na residência de Crivella, policiais, membros do MP e o oficial de Justiça constataram que ele estava "impecavelmente vestido e pronto para sair novamente, com a casa vazia, sem a presença de sua esposa ou qualquer indício de que tivesse tomado café da manhã no local".
As investigações apontam que a organização, que arrecadou mais de R$ 50 milhões em propina., era liderada pelo empresário Rafael Alves, homem de confiança de Marcelo Crivella (Republicanos).
Segundo o MPRJ, conforme afirmado no decreto de prisão, Crivella "já burlou uma vez a ordem judicial de busca e apreensão, usando de expediente maliciosamente planejado com tal finalidade, já que comprovado pericialmente nos autos que o celular fake, por assim dizer, chegou às suas mãos na véspera do cumprimento da diligência, cuja realização evidentemente 'vazou', sendo levada ao seu conhecimento, nada pode garantir que não o fará novamente, não obstante todas as cautelas já determinadas".
O MPRJ se manifestou pela manutenção da prisão preventiva, já que, na prisão domiciliar, ele está em contato com familiares que dispõem livremente de meios de comunicação próprios, os quais podem lhe ser momentaneamente cedidos.
"Sem contar a possibilidade de entrega por meio de delivery, dentre tantas outras hipóteses possíveis".
O 'QG da Propina': entenda o caso
Crivella foi preso preventivamente por suspeita de chefiar o chamado "QG da Propina", como ficou conhecido o suposto esquema de cobrança de pagamentos em troca de favorecimentos a empresários. No dia seguinte, ele deixou o presídio, com tornozeleira eletrônica e cumpre prisão domiciliar.
Segundo o MP-RJ (Ministério Público do Rio), o suposto esquema de pagamentos para liberação de contratos na administração municipal arrecadou mais de R$ 50 milhões e envolveu até mesmo suspeitas de uma articulação bilionária de lavagem de dinheiro na Igreja Universal do Reino de Deus, onde Crivella se tornou bispo licenciado após ser eleito prefeito do Rio, em 2016.
'Redução de dano', diz defesa de Crivella
Ao UOL, o advogado de defesa de Crivella, Alberto Sampaio de Oliveira Junior, disse que a decisão do STJ foi uma "redução de dano". Crivella nega as acusações contra ele e diz ser alvo de perseguição política. O prefeito afastado do Rio foi denunciado pelo MP junto com outras 25 pessoas.
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