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Quem deu 'golpe' viu que deu ruim, diz Gleisi ao justificar apoio a Baleia

Segundo Gleisi Hoffmann, união se fez necessária para barrar avanço de pautas do governo Bolsonaro - Najara Araújo/Câmara dos Deputados
Segundo Gleisi Hoffmann, união se fez necessária para barrar avanço de pautas do governo Bolsonaro Imagem: Najara Araújo/Câmara dos Deputados

Do UOL, em São Paulo

04/01/2021 21h54Atualizada em 05/01/2021 00h06

Presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann (PR) disse hoje que o apoio anunciado à candidatura de Baleia Rossi (MDB-SP) à presidência da Câmara não significa que o partido deixará de defender a tese de que o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff foi um "golpe". Segundo a deputada, a união se fez necessária para barrar o avanço de pautas do governo de Jair Bolsonaro (sem partido).

"Continuamos achando que foi golpe, e que foi aquele golpe e a prisão de Lula que jogou o país nessa instabilidade que nós estamos. O problema é que uma parte daquele pessoal que deu o golpe viu que deu ruim, [que] colocaram na presidência um homem que não tem condições de governar o Brasil", disse Gleisi em entrevista à CNN Brasil.

A deputada ainda definiu Bolsonaro como "autoritário", "um homem que faz apologia à tortura" e "alguém que não consegue dar respostas mínimas ao povo brasileiro" no que diz respeito ao combate à pandemia de covid-19, atribuindo a eleição do presidente aos supostos golpistas.

"Avaliamos que temos que utilizar essas contradições [dos partidos que votaram pelo impeachment de Dilma] para frear o que vem de pior por aí", justificou. Antes, Gleisi já havia dito que Bolsonaro é "muito perverso para o Brasil" e barrar qualquer tipo de retrocesso imposto pelo governo federal é uma luta que "vem em primeiro lugar".

Pragmatismo venceu

Baleia Rossi - Luís Macedo/Câmara dos Deputados - Luís Macedo/Câmara dos Deputados
Imagem: Luís Macedo/Câmara dos Deputados

A decisão de apoiar Baleia Rossi foi tomada pelo PT após reunião hoje à tarde. Embora tendessem a apoiar o emedebista, havia integrantes do partido que preferiam lançar um candidato próprio da oposição para se juntar ao emedebista num eventual segundo turno ou não ficar ao lado dele justamente pelo fato de o deputado ser do MDB.

Rossi é presidente nacional da sigla de Eduardo Cunha, que possibilitou a abertura do impeachment contra Dilma, e de Michel Temer, que assumiu a presidência da República após o processo.

A possibilidade de uma candidatura própria da oposição ou do partido estava no radar até hoje. No entanto, com a decisão de outras siglas de esquerda, como PCdoB e PSB, de já aderirem a Baleia Rossi, a ala mais pragmática do partido se sobressaiu.

O emedebista tem por trás de sua candidatura o grupo político do atual presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ). Agora, com o PT, ele conta com o apoio de cerca de 280 deputados federais contra aproximadamente 175 do bloco de Arthur Lira (Progressistas-AL), candidato de Bolsonaro.