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Mourão volta ao trabalho e relata dias com sintomas 'mais pesados' de covid

Hamilton Mourão ficou em isolamento no Palácio do Jaburu após diagnóstico de covid-19 - Isac Nóbrega/PR
Hamilton Mourão ficou em isolamento no Palácio do Jaburu após diagnóstico de covid-19 Imagem: Isac Nóbrega/PR

Hanrrikson de Andrade

Do UOL, em Brasília*

11/01/2021 09h53Atualizada em 11/01/2021 11h28

O vice-presidente Hamilton Mourão (PRTB) voltou hoje às atividades de rotina em seu gabinete no Palácio do Planalto, em Brasília, depois de duas semanas em isolamento decorrência do novo coronavírus. Ele foi diagnosticado dois dias depois do Natal do ano passado. Com 67 anos, a autoridade faz parte do grupo considerado de risco para a doença. Ele ainda disse que tomará vacina, mesmo já tendo contraído covid-19.

Ao chegar na manhã de hoje à Vice-presidência, o general declarou ter apresentado "sintomas mais pesados" do coronavírus nos três primeiros dias. Além de iniciar imediatamente a quarentena, Mourão também fez tratamento com medicamentos prescritos pela sua equipe médica, entre os quais a hidroxicloroquina —que não tem eficácia comprovada cientificamente no combate à doença.

"Tive três dias ali que os sintomas realmente foram mais pesados. E depois, não. Tomei a medicação aí que é preconizada e, a partir do quinto ou sexto dia, eu estava bem."

Questionado sobre a marca de 200 mil mortes no país desde o início da pandemia, em março do ano passado, Mourão lamentou o alto número de vítimas, mas ressaltou que, em sua opinião, os médicos brasileiros estão fazendo um "bom trabalho". Ele também relatou ter perdido dois amigos de longa data para a covid-19.

"A nossa medicina está salvando mais de 97% das pessoas que são contaminadas. Infelizmente, a gente tem esse número elevado. Agora nos últimos dias eu perdi dois amigos de longa data para essa doença. Mas a nossa medicina tem feito um papel muito bom. Quando você olha a realidade dos números, existe um número significativo de gente que faleceu. Mas nós temos mais de 7,5 milhões de pessoas curadas. Isso é efeito da nossa medicina."

Vacina é questão coletiva

Mourão ainda afirmou que os esforços de imunização contra a covid-19 são uma questão "coletiva" e não individual. Recuperado da doença, Mourão reforçou que tomará o imunizante de acordo com o grupo prioritário em que se encaixa e "sem furar fila".

"Eu acho que a vacina, ela é para o País como um todo, é uma questão coletiva, não é individual. O indivíduo aqui está subordinado ao coletivo nesse caso", disse em conversa com jornalistas nesta manhã. A fala vai na direção oposta de declarações do presidente Jair Bolsonaro, que tem minimizado os esforços internacionais de imunização e colocado em dúvida a eficácia das vacinas.

Na semana passada, o chefe do Executivo afirmou que "menos da metade" da população brasileira tomaria a vacina, segundo pesquisas dele próprio feitas em suas aparições públicas "na praia, na rua". O presidente também já negou que tomará a vacina com o argumento de que já teve a doença. Ao contrário de Bolsonaro, Mourão manteve a posição favorável ao imunizante mesmo agora depois de testado positivo para a covid-19 no fim do ano.

"(Tomarei a vacina) dentro da minha vez. Eu sou grupo 2, de acordo com o planejamento (do governo). Não vou furar a fila, a não ser que seja propagandística", declarou. O plano nacional prevê uma primeira etapa de vacinação de grupos prioritários, que somam 49,6 milhões de pessoas, como profissionais de saúde e idosos. Pela idade, Mourão, que tem 67 anos, se encaixa na fase dois do plano.

Vacinas

Assim como já havia feito em entrevistas anteriores, Mourão disse que o governo federal comprará "toda e qualquer vacina certificada pela Anvisa" e minimizou a politização em relação aos imunizantes em estudo.

O governo Bolsonaro, que não é entusiasta da vacinação contra a covid-19 —o próprio presidente da República já declarou publicamente que não pretende se vacinar e também levantou dúvidas a respeito da eficácia das alternativas disponíveis até então—, vem travando disputas políticas relacionadas à pandemia desde que o coronavírus começou a se espalhar pelo país.

Um dos embates diz respeito ao investimento do governo federal na compra de vacinas, principalmente a CoronaVac, imunizante chinês que vem sendo desenvolvido e fabricado pelo Instituto Butantan (SP). O órgão é ligado ao governo do estado de São Paulo, administrado por um dos adversários políticos de Bolsonaro, o governador João Doria (PSDB).

Pressionado pela opinião pública e com o Brasil atrás de outros países que já iniciaram a vacinação, o governo federal mudou o discurso nas últimas semanas e vem tentando acelerar a implementação do Plano Nacional de Imunização.

Para Mourão, "no final das contas", todas as vacinas certificadas serão adquiridas, independentemente do jogo político.

"Pelo que eu conheço ali do pessoal do Ministério da Saúde, eu julgo que eles vinham preparando isso aí já de algum tempo. Desde o ano passado eu falei para vocês que o governo iria adquirir toda e qualquer vacina que fosse certificada pela Anvisa. Ficou aquela discussão... E, no final das contas, estão sendo adquiridas as vacinas que vão ser certificadas. Os estados têm material para iniciar a imunização. E o governo federal pode fazer uma requisição aí de seringa e agulha e complementar o que for necessário."

Com informações do Estadão Conteúdo.

O governo Bolsonaro teve início em 1º de janeiro de 2019, com a posse do presidente Jair Bolsonaro (então no PSL) e de seu vice-presidente, o general Hamilton Mourão (PRTB). Ao longo de seu mandato, Bolsonaro saiu do PSL e ficou sem partido até filiar ao PL para disputar a eleição de 2022, quando foi derrotado em sua tentativa de reeleição.