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PSOL pede a Lewandowski para proibir governo de recomendar cloroquina

Bolsonaro mostra caixa de cloroquina. Presidente é grande defensor do medicamento no tratamento da covid-19 - MATEUS BONOMI/ ESTADÃO CONTEÚDO
Bolsonaro mostra caixa de cloroquina. Presidente é grande defensor do medicamento no tratamento da covid-19 Imagem: MATEUS BONOMI/ ESTADÃO CONTEÚDO

Do UOL, em São Paulo

19/01/2021 18h20

O PSOL formalizou hoje um pedido ao ministro do STF (Superior Tribunal Federal) Ricardo Lewandowski para que proíba o governo federal de recomendar e distribuir medicamentos sem comprovação científica para o tratamento precoce da covid-19, como a cloroquina e a hidroxicloroquina. O partido pede que o ministro conceda decisões liminares para impedir que o Ministério da Saúde e qualquer outro órgão federal recomendem os medicamentos.

A pasta chefiada pelo ministro Eduardo Pazuello fez uma ofensiva na última semana para incentivar o uso não só da cloroquina no tratamento de pacientes com covid-19, mas também da ivermectina e da nitazoxanida, todos medicamentos sem eficácia comprovada no combate à doença causada pelo novo coronavírus.

O pedido do PSOL cita que a estratégia causa "efeitos concretos e danosos a toda uma nação".

O partido fez o pedido a Lewandowski porque ele tem sido o relator de ações no STF sobre a pandemia, como a que cobrou ontem Pazuello sobre as datas das fases do plano nacional de vacinação contra a covid-19 e a respeito da elaboração de um plano de ação para a crise de saúde pública em Manaus.

Se concedida liminar a favor do pedido do PSOL, a decisão impediria o Ministério da Saúde de fazer publicações como a que ganhou um aviso de informação enganosa pela rede social no último sábado (16). Na publicação, a pasta recomendava mais uma vez o tratamento precoce, que no dia seguinte foi descreditado pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) ao dar o aval para uso emergencial de vacinas contra a covid-19.

Além de Pazuello e do Ministério da Saúde, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) tem sido um grande defensor da cloroquina desde o início da pandemia, no ano passado. Ao ser contaminado pelo novo coronavírus, Bolsonaro disse que tomou o medicamento e isso o teria ajudado a se recuperar.

Na semana passada, em nova manifestação sobre o tratamento precoce da covid-19, a SBI (Sociedade Brasileira de Infectologia) reforçou que não recomenda o recurso com nenhum medicamento. A SBI argumentou que os remédios não mostraram benefícios até agora em estudos e podem causar efeitos colaterais.

Ontem, Pazuello mentiu ao dizer que a pasta nunca indicou nenhum medicamento para o tratamento da covid-19. Além de declarações públicas do ministro que desmentem a afirmação, o ministério lançou em maio de 2020, logo após a sua posse, um protocolo que sugere a prescrição de hidroxicloroquina e cloroquina aos infectados.

Vacinação

Além de questões relacionadas ao tratamento da covid-19, o pedido do PSOL a Lewandowski também inclui uma solicitação para intimar o governo federal a iniciar imediatamente uma campanha de propagação dos benefícios da vacinação contra a doença. Apesar de todos os estados já terem iniciado a aplicação das primeiras doses da CoronaVac, o Ministério da Saúde não realiza nenhuma campanha de conscientização da população.