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Discussão nas redes sociais expõe racha sobre candidatura própria do PSOL

O partido lançou a candidatura da deputada Luiza Erundina (PSOL-SP) para concorrer à presidência da Câmara - Jorge Araujo/Folhapress
O partido lançou a candidatura da deputada Luiza Erundina (PSOL-SP) para concorrer à presidência da Câmara Imagem: Jorge Araujo/Folhapress

Kelli Kadanus

Colaboração para o UOL, em Brasília

22/01/2021 13h30Atualizada em 22/01/2021 14h48

Uma discussão nas redes sociais expôs hoje um racha sobre a candidatura própria do Psol à presidência da Câmara. Na segunda-feira (18), o partido lançou a candidatura da deputada Luiza Erundina (Psol-SP) para concorrer ao cargo, mas a decisão não foi unânime na legenda.

A decisão rachou a bancada na Câmara, composta por dez deputados federais. Hoje, a deputada Fernanda Melchionna (Psol-RS) discutiu através do Twitter com Erundina sobre a estratégia adotada pela legenda na disputa.

"Muito feio que a senhora ataque quem não acha a tática correta lançar candidato nesse cenário da eleição da Câmara. Mesmo que sua posição tenha vencido e o Psol tenha lançado seu nome, isso não lhe autoriza a atacar o Psol", disse Melchionna.

"É lamentável que o PSOL negocie suas convicções e compromissos políticos históricos ao aderir ao fisiologismo e à barganha por cargos na Mesa da Câmara. Essa é uma prática dos partidos de direita com a qual eu não compactuo", afirmou Erundina.

A briga começou porque o Psol avalia a adesão ao bloco que apoia Baleia Rossi (MDB-SP), mesmo mantendo a candidatura de Erundina. A estratégia visa garantir mais cargos na Mesa Diretora para o grupo do candidato do MDB, já que a divisão das cadeiras está relacionada aos apoios partidários registrados por cada bloco.

O deputado Marcelo freixo também usou as redes sociais para criticar Erundina. "É inaceitável insinuar que a defesa da entrada do PSOL no bloco democrático para derrotar Bolsonaro passa pela negociação de cargos. Isso não é verdade", disse.

"O fato é que a entrada do PSOL na coalizão junto com os demais partidos de esquerda daria maioria ao bloco e impediria que a Comissão de Constituição e Justiça e o Conselho de Ética, por exemplo, ficassem nas mãos de aliados de Bolsonaro", completou.

Líder do partido na Câmara, Sâmia Bonfim também se manifestou nas redes sociais. "Respeito a Erundina. Mas ela erra em tornar uma divergência tática numa acusação grave ao partido. Já questionei quem está negociando e quais são os cargos. Não obtive resposta. Nem obterei, pois a posição divergente é fruto de análise política, não de fisiologismo", afirmou.

Racha não é novidade

O racha no Psol foi exposto na semana passada através de uma carta assinada por metade da bancada, defendendo uma candidatura própria. Assinam o documento Áurea Carolina (MG), Glauber Braga (RJ), Ivan Valente (SP), Luiza Erundina (SP) e Taliria Petrone (RJ).

Já os deputados David Miranda (RJ), Sâmia Bomfim (SP), Marcelo Freixo (RJ), Vivi Reis (PA) e Fernanda Melchionna (RS) defende apoiar Baleia Rossi (MDB-SP) para derrotar o candidato do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), Arthur Lira (PP-AL).

Como o voto é secreto, há muitas dissidências nos blocos partidários formados em torno das candidaturas, o que torna a eleição imprevisível e disputada voto a voto. Como a eleição já tem nove candidatos, porém, a tendência é que a decisão saia só no segundo turno.

O deputado federal Marcelo Freixo (RJ) defendeu publicamente que o partido integrasse o bloco de Baleia Rossi (MDB) já no primeiro turno.

"O comando da Câmara não pode estar nas mãos de um aliado de Bolsonaro até 2022. Por isso, defendo o ingresso da bancada do Psol, assim como fizeram todos os partidos de esquerda, no bloco democrático cujo candidato é o deputado Baleia Rossi", disse no Twitter na semana passada. O deputado alega que "o risco de não haver segundo turno é real"

O Psol afirma que, caso a candidatura de esquerda não esteja no segundo turno, que o voto da bancada seja no candidato que representar uma alternativa àquele apoiado pelo governo Jair Bolsonaro (sem partido).