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Tido como favorito e discreto, Pacheco é a aposta do Planalto e da oposição

Senador Rodrigo Pacheco (DEM-MG), candidato tido como favorito à Presidência do Senado em 2021 - Marcos Oliveira/Agência Senado
Senador Rodrigo Pacheco (DEM-MG), candidato tido como favorito à Presidência do Senado em 2021 Imagem: Marcos Oliveira/Agência Senado

Natália Lázaro

Colaboração para o UOL, em Brasília

30/01/2021 04h00Atualizada em 30/01/2021 15h05

No primeiro mandato como senador, o advogado Rodrigo Pacheco (DEM-MG) é o candidato tido como favorito pelos colegas a se eleger presidente do Senado Federal nesta segunda (1º).

O senador foi apadrinhado pelo atual presidente da Casa, Davi Alcolumbre (DEM-AP), e tem a benção do presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido). Alcolumbre foi o responsável por fazer Pacheco deslanchar na disputa usando do poder que ainda dispõe à frente da Casa para negociar cargos e a proximidade com o Palácio do Planalto em favor do candidato.

Deu certo. O MDB abandonou o nome do partido na disputa, a senadora Simone Tebet (MDB-MS), em troca de melhores espaços na Mesa Diretora e nas comissões. A candidatura da emedebista derreteu nas últimas semanas devido a votos que não vingaram, como no PSDB e no Podemos. Ela acabou virando uma "candidata independente", em suas próprias palavras.

No entanto, Pacheco foi, na realidade, o plano B de Alcolumbre após este não conseguir se recandidatar ao cargo devido a uma decisão do STF (Supremo Tribunal Federal). Por conta do perfil sinalizado como "apaziguador", Pacheco acabou sendo procurado pelo coligado do DEM para iniciar a jornada em busca de votos pela cadeira mais importante do Senado Federal.

Para seus opositores, os apoios tão fechados e rápidos, inclusive de parte da oposição, apontam para o chamado "toma lá, dá cá" junto a Alcolumbre e ao Planalto.

Apesar de ter a máquina governista por trás de sua campanha, o senador não teria sido a primeira opção de Bolsonaro, que preferia algum de seus líderes do governo filiados ao MDB, maior bancada do Congresso, com 15 senadores. Porém, Simone Tebet foi a escolhida no partido.

Interlocutores do Planalto contam que foi o presidente do Senado quem convenceu o chefe do Executivo a apadrinhar Pacheco. O trio chegou a confraternizar na véspera de Natal do ano passado em almoço no Palácio do Alvorada, tendo a campanha de Pacheco como prato principal.

Segundo fontes próximas ao senador, Pacheco estava de férias em Brasília quando Alcolumbre lhe ligou dizendo que o levaria até Bolsonaro. Aliados defendem que Pacheco não tinha interesse em passar a data com o presidente da República, mas, como seu nome estava cambaleando entre as opções do Executivo, resolveu ir.

Ao se lançar ao cargo, ele prometeu preservar a independência do Senado para tomar decisões "livres e autônomas", além de defender a "unificação das instituições" e ações para o combate à pandemia do novo coronavírus.

Antes de chegar ao Senado, Pacheco se elegeu deputado federal em 2014, então pelo o MDB. Ainda pelo partido da agora principal oponente, ele tentou a prefeitura de Belo Horizonte, mas não obteve sucesso e voltou à disputa nas urnas em 2018, sendo eleito senador.

Enquanto deputado federal, ele presidiu a CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) da Câmara na época em que se discutia as acusações contra o então presidente da República Michel Temer (MDB). Parlamentares contam que o político tentou usar o "jeito mineiro" a favor do então mandatário para evitar sua cassação, como pelo adiamento de votações, por exemplo.

Nascido em Porto Velho, criado em Minas e de família de transportes

Nascido em Porto Velho, Rondônia, Pacheco foi criado na cidade de Passos, em Minas Gerais, e se mudou para Belo Horizonte quando jovem, onde cursou Direito pela PUC Minas, há 21 anos.

Enquanto advogado, atuou na área criminalista e integrou a banca de defesa dos dirigentes do Banco Rural, réus do Mensalão. Ele foi favorável ao processo de impeachment de Dilma Rousseff (PT), em 2016, e já ocupou o cargo de conselheiro seccional da Ordem dos Advogados de Minas (OAB-MG).

Em Belo Horizonte, também lecionou disciplinas de Direito em universidades. Colegas próximos a Pacheco contam que, desde quando calouro do curso de Direito, seu sonho já era ocupar uma cadeira no Congresso.

A família de Pacheco é conhecida em Minas Gerais por ser dona de uma empresa de transporte terrestre, da qual o senador é herdeiro. No ano passado, ele indicou à diretoria da ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres) o ex-deputado Arnaldo Silva Júnior (DEM-MG), amigo da família e colega de sigla.

A indicação foi mal vista no setor de transportes pelo fato de o ex-parlamentar não ter experiência na área. Em entrevista ao UOL, Pacheco assumiu que o nome foi passado pessoalmente em reunião com o Ministério da Infraestrutura e defendeu que o colega tem os requisitos necessários ao cargo.

Errata: este conteúdo foi atualizado
Diferentemente do informado na versão original desta reportagem, a cidade de Porto Velho é a capital de Rondônia, e não de Roraima. O erro foi corrigido.