Topo

Esse conteúdo é antigo

Deputados querem CPMI para investigar ajuda da Abin a Flávio Bolsonaro

Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) recebeu relatórios da Abin - GABRIELA BILÓ/ESTADÃO CONTEÚDO
Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) recebeu relatórios da Abin Imagem: GABRIELA BILÓ/ESTADÃO CONTEÚDO

Colaboração para o UOL

12/02/2021 11h31

Deputados federais do partido Novo querem abrir uma CPMI (Comissão Parlamentar Mista de Inquérito) para apurar possíveis irregularidades na Abin (Agência Brasileira de Inteligência). A suspeita é que a agência tenha sido utilizada para defender interesses privados da família do presidente Jair Bolsonaro (sem partido).

O deputado Tiago Mitraud (Novo) informou que já protocolou na Câmara o pedido de abertura da CPMI. O requerimento é assinado por ele e mais 3 deputados do Novo, Paulo Ganime, Vinicius Poit e Adriana Ventura. Mas para que a CPMI seja aberta é preciso conseguir assinatura de 27 senadores e 171 deputados, totalizando um terço dos parlamentares do Congresso.

Tiago informou que já começou a coletar essas assinaturas e publicou nas redes sociais que pretende convocar testemunhas para buscar explicações sobre relatórios feitos pela Abin, que continham sugestões de defesa para Flávio Bolsonaro no caso das "rachadinhas". A defesa de Flávio já admitiu que recebeu os relatórios, divulgados pela revista Época.

"O GSI alegou que os relatórios não são institucionais da Abin e não responderam (sic) se pretendem investigar e responsabilizar funcionários que possam ter elaborado esses relatórios. Diante dos indícios de irregularidades e das respostas evasivas do governo em caso de tamanha gravidade, decidimos seguir com a investigação por meio de uma CPMI, que permite, dentre outros instrumentos, a convocação de testemunhas", declarou o deputado.

Desde o ano passado, temos atuado para esclarecer a denúncia de atuação do GSI e da ABIN na defesa de interesses...

Publicado por Tiago Mitraud em Quinta-feira, 11 de fevereiro de 2021

O caso

Segundo a denúncia da revista "Época", a Abin, comandada por Alexandre Ramagem, amigo da família Bolsonaro, produziu ao menos dois relatórios para orientar Flávio no inquérito que investiga um suposto esquema de "rachadinha" em seu gabinete quando era deputado estadual na Alerj (Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro).

Flávio Bolsonaro foi denunciado pelo MP-RJ (Ministério Público do Rio de Janeiro) pelos crimes de lavagem de dinheiro, peculato e organização criminosa. Ele nega todas as acusações.

O GSI negou que a Abin tenha feito os relatórios para ajudar o filho do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), apesar de o próprio senador confirmar a existência dos relatórios.

A Abin também negou que tenha produzido relatórios "ou qualquer outro documento" para ajudar Flávio no caso das "rachadinhas", apesar de confirmar a reunião entre a defesa do senador, Ramagem, Heleno e Jair Bolsonaro.

Segundo a agência, a reunião foi "completamente regular" e está dentro das competências atribuídas pela lei ao GSI. A Abin disse ainda não trabalhar "à margem da legalidade", como sugeriu a reportagem de "Época".

De acordo com denúncia da revista, os relatórios produzidos para o senador não continham o logotipo da agência e teriam sido feitos por uma estrutura clandestina, e não de forma oficial.