'Herdeira' de Marielle cobra PF após agressão em protesto contra Silveira
A deputada estadual e presidente da Comissão de Direitos Humanos da Alerj (Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro), Renata Souza (PSOL), enviou hoje um ofício à Polícia Federal questionando se o órgão instaurou investigação sobre um caso de agressão ocorrido ontem (17) na porta da superintendência no centro do Rio.
Um homem que protestava com uma placa em homenagem à vereadora Marielle Franco (PSOL), assassinada em março de 2018, foi agredido com um golpe mata-leão por um apoiador do deputado federal Daniel Silveira (PSL-RJ), preso na sede da PF por determinação do STF (Supremo Tribunal Federal).
Renata foi chefe do gabinete de Marielle na Câmara dos Vereadores e é considerada uma de suas "herdeiras políticas".
Agentes que faziam a segurança do local não intervieram antes de Edson Rosa, manifestante conhecido como Je Suis, ser golpeado e só dispersaram o grupo após a agressão. Jornalistas que tentaram intervir também foram hostilizados pelos entusiastas de Silveira.
O ofício de Renata Souza questiona se houve omissão por parte de policiais federais que acompanhavam o tumulto a poucos metros e nada fizeram antes das cenas de violência. Ela também procura saber se a PF identificou os agressores que agiram no acesso ao prédio da superintendência.
"Os ataques sofridos pelo senhor Edson são inadmissíveis, ainda mais na porta da Polícia Federal. Isso é a certeza da impunidade? Não podemos compactuar com isso, oficiamos a Ouvidoria da PF para saber quais os procedimentos instaurados para a identificação dos agressores. A PF não pode negligenciar o que ocorreu na sua porta", afirmou ao UOL.
Silveira já atacou memória de Marielle
Policial militar reformado, Silveira ganhou notoriedade em 2018, quando durante a campanha eleitoral, ajudou a quebrar uma placa de rua em homenagem a Marielle. Naquele ano, ele foi eleito deputado federal.
Ontem a confusão começou quando um dos apoiadores do deputado retirou a placa das mãos do manifestante e a jogou no chão. Em seguida, ele foi agredido por um mata-leão.
Um vídeo feito pela Super Rádio Tupi registrou o momento após a agressão. O homem agredido, que estava com uma perna imobilizada e usava muletas, aparece no chão. Ele, então, se levanta, ofegante, enquanto passa a ser insultado pelos manifestantes. Um deles, com uma camisa com o rosto do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), se aproxima e o xinga.
Silveira foi detido na noite de terça-feira (16) em Petrópolis, na região serrana do Rio, após despacho de prisão por flagrante delito publicado pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF, sob a acusação de atacar os ministros da Corte em vídeo e de defender medidas antidemocráticas, como adoção do AI-5 (Ato Institucional número 5).
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