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Carla Araújo: falta oposição forte no Congresso para refletir insatisfação

Colaboração para o UOL, em São Paulo

26/02/2021 15h00

A colunista do UOL Carla Araújo, convidada da edição #74 do podcast Baixo Clero, identifica ausência de uma oposição forte no Congresso para refletir a insatisfação dos brasileiros com o governo de Jair Bolsonaro (sem partido).

Em sua participação, a jornalista também vê a pandemia do novo coronavírus como um empecilho para manifestações populares contra o governo federal. Ainda assim, considera haver pouca ação por parte dos políticos contra a situação.

"Também é um reflexo do que falta no Congresso, o que temos agora está alinhado com o presidente. Ainda está começando [depois da eleição do presidente Arthur Lira], mas falta uma oposição mais forte no Congresso para que se reflita essa insatisfação popular", justifica (veja a partir de 43:50 no vídeo acima).

Um ponto destacado é a questão do armamento, posto como prioridade pelo presidente. Com decretos, Bolsonaro facilitou o acesso às armas.

"O presidente comentou, quando teve a invasão no Capitólio [nos Estados Unidos, por apoiadores do então presidente Donald Trump], que em 2023 poderia ter algo pior aqui. É uma forma de falar com plateia dele para eventualmente não aceitar o resultado das eleições, o que é muito perigoso", emenda (veja a partir de 44:15 no vídeo acima).

Segundo Maria Carolina Trevisan, existe a possibilidade de o governo reagir de forma violenta em caso de manifestações.

"Falta muito pouco para uma explosão e o governo Bolsonaro está se preparando para isso. Ex-ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann fala que Bolsonaro está armando a população para a possibilidade de um golpe e golpe com arma", afirma (veja a partir de 39:10 no vídeo acima).

A colunista cita que o armamento tem como resposta o aumento de homicídios e, em uma convulsão social, a resposta seria gente armada nas ruas.

"Ele [Bolsonaro] está preparando os policiais militares, por exemplo, que são apoiadores dele muito enfáticos. Vemos sinais que mostram uma resposta que poderia ser muito violenta a uma manifestação de rua. Dá um pouco de apreensão", diz.

Diogo Schelp vê uma preocupação real do governo com protestos. "Está tudo muito cômodo para ele [Bolsonaro]. Lembra quando teve protestos no Chile? Bolsonaro deu declarações muito preocupadas dizendo que ele não permitiria no Brasil de jeito nenhum" (veja a partir de 42:00 no vídeo acima).

No entanto, critica a própria população por não seguir à risca as precauções conta a pandemia do novo coronavírus. Assim, falta exemplo para poder apontar o dedo ao combate ao vírus feito pelo Ministério da Saúde e demais autoridades.

"Não vemos adesão às medidas de isolamento, a evitar aglomerações. Como vão poder cobrar do governo que tenha uma visão mais científica se as próprias pessoas, sabendo do que precisam fazer, não fazem? Nós temos que olhar para nós mesmos e tentar pensar no bem-estar comum, coletivo", diz (veja a partir de 42:50 no vídeo acima).

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