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Para tentar comandar a Comissão de Justiça, Bia Kicis foge de polêmicas

A deputada Bia Kicis (PSL-DF) pretende ser a próxima presidente da CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) da Câmara - Câmara dos Deputados
A deputada Bia Kicis (PSL-DF) pretende ser a próxima presidente da CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) da Câmara Imagem: Câmara dos Deputados

Luciana Amaral

Do UOL, em Brasília

08/03/2021 14h35

Mais discreta desde que foi cotada à presidência da CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) da Câmara, no início de fevereiro, a deputada federal Bia Kicis (PSL-DF) trabalha para diminuir resistências a seu nome. Já conseguiu manter o apoio do presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL), para tentar ser efetivamente alçada ao posto.

Lira já afirmou que pretende cumprir o compromisso feito na campanha quanto à CCJ: "Se o PSL indicar [Kicis] e mantiver o nome, quero crer que não há nenhum óbice para isso. A Câmara já amadureceu essa questão".

A expectativa é que a lista oficial das indicações partidárias ao comando das comissões da Câmara saia nesta terça (9). Embora os membros dos colegiados elejam seus comandantes, os eleitos costumam ser quem os partidos indicam aos cargos em negociações prévias com base na proporcionalidade das bancadas.

O PSL tem a preferência na indicação à comissão tida como a mais importante da Casa por contar com a maior bancada de deputados federais - 53, ao todo. A CCJ é responsável por analisar os aspectos jurídicos das proposições que tramitam pela Casa. Na prática, isso dita o ritmo de análises.

No momento, Kicis deve ter apenas a oposição de partidos de esquerda e de alguns membros do próprio PSL, como o deputado Delegado Waldir (PSL-GO). Sozinhos, não devem conseguir barrar sua eleição. A deputada Fernanda Melchionna (PSOL-RS) chegou a entrar na Justiça para tentar impedir que Kicis assuma a presidência da CCJ, mas teve o pedido negado.

Na avaliação de parte de parlamentares, Kicis é tida como uma pessoa de difícil diálogo pelo histórico de defesa ferrenha do presidente Jair Bolsonaro (sem partido). Outro ponto levantado é o fato de ser investigada no inquérito das fake news e ter se notabilizado por questionar a efetividade do isolamento social e do uso de máscaras durante a pandemia da covid-19.

Líderes de partidos de centro também receberam com mal-estar a indicação. No entanto, agora se mostram menos resistentes. Isso porque, nos bastidores, a deputada procurou líderes para tentar convencê-los que não será radical à frente da comissão, mas, sim, moderada, com espaço de fala a todos os espectros políticos.

Ainda que faça parte da tropa de choque bolsonarista na Câmara, Kicis buscou ser mais discreta neste último mês nas redes sociais. A deputada não fez críticas mais assertivas a ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) nem manifestou apoio público enfático ao deputado Daniel Silveira (PSL-RJ), preso por determinação da Corte.

Em 13 de fevereiro, escreveu: "Estou evitando postar sobre a CCJ porque preciso me dedicar ao trabalho nos bastidores, mas tenho registrado agradecida ao imenso apoio e torcida q tenho recebido de todo o Brasil. Mas preciso esclarecer: Arthur Lira está firme no compromisso com a indicação do meu nome feita pelo PSL".

Inicialmente, líderes partidários cogitaram apoiar outros nomes para concorrerem à presidência da CCJ. Porém, hoje temem que atrapalhar a indicação do PSL acabe bagunçando o acordo da proporcionalidade de bancadas na distribuição dos comandos das demais comissões.

Ainda assim, líderes continuam discutindo essa divisão. Não há acordo para o comando da Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional, por exemplo. O colegiado é disputado pelo PSL, por meio do deputado Luiz Philippe de Orleans e Bragança (PSL-SP), e pelo PSDB, por meio de Aécio Neves (PSDB-MG).

Parte dos líderes não quer que o PSL assuma duas comissões tão importantes quanto a CCJ e a de Relações Exteriores. Seria dar "poder demais" a uma única sigla, segundo um líder ao UOL.

Deputado do PSL busca vaga para se opor a Kicis

Delegado Waldir tenta negociar com um partido de oposição uma cadeira de titular na CCJ para concorrer contra Bia Kicis. De alas opostas dentro do PSL, o líder do partido na Câmara, Major Vitor Hugo (GO), já o avisou que não o quer como membro da comissão para não atrapalhar a indicação de Kicis, relata Waldir.

No entanto, até o momento, nenhum acordo de Waldir com um partido de esquerda foi fechado.