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Aliado de Bolsonaro comemora possível presença de Lula na eleição de 2022

Ciro Nogueira (PP-PI) está confiante que não haverá uma terceira força na eleição - Moreira Mariz/Agência Senado
Ciro Nogueira (PP-PI) está confiante que não haverá uma terceira força na eleição Imagem: Moreira Mariz/Agência Senado

Colaboração para o UOL

10/03/2021 08h08

O senador Ciro Nogueira (PP), um dos principais aliados do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) atualmente, comemorou a anulação da condenação do ex-presidente Lula (PT) no caso do triplex no Guarujá. Ele acredita que a possível participação do petista na eleição de 2022 vai favorecer a reeleição de Bolsonaro.

"Na prática, acho que cria uma disputa entre os dois extremos. É muito difícil se viabilizar alguma coisa intermediária. Acho que até consolida muito a chance de vitória do presidente (Bolsonaro). É difícil o país voltar ao comando do PT", analisou Ciro Nogueira, em entrevista ao jornal O Globo.

Nogueira até admite que a presença de Lula fortalece o PT nas disputas pelo Congresso, pois o partido conseguirá eleger mais deputados e senadores. Mas ressalta que "para a história do Lula não é bom ele disputar essa eleição", porque "a chance de vitória dele é muito pequena".

Ciro Nogueira é senador eleito no Piauí e acredita que a força de Lula está mais fraca até no Nordeste. E questiona se o ex-presidente terá vontade de recuperar esse prestígio na região.

"É um homem que sofreu muito, perdas até familiares, muito fortes, por conta desse processo... (Não sei) se ele vai vir com essa mesma vontade e vender a mesma esperança que vendeu lá em 1989 até chegar à Presidência da República. Acho que ele não é mais aquele Lula lá, não, que vende essa expectativa. Hoje o Bolsonaro rivaliza muito na identificação que ele tem com a população do Nordeste", afirmou Ciro Nogueira, apostando que o Nordeste é mais conservador que o restante do país.

Perguntado se a condução de Bolsonaro na pandemia e na vacinação contra covid-19 pode ter atrapalhado, Ciro Nogueira admite erros, mas acredita que isso pode ser minimizado em 2022.

"Acho que o presidente que vai ser eleito não é o de hoje, é o do próximo ano. Se até lá as pessoas tiverem vacinas, a gente tiver virado essa página, as pessoas costumam votar no que está acontecendo no dia, não no que aconteceu no passado, então não vejo possibilidade de o presidente chegar fraco nas eleições. Acredito que ele vai ser reeleito, e agora com essa situação tem chance de ganhar até no primeiro turno", empolgou-se Nogueira.

Em relação a outros partidos e candidatos, Ciro Nogueira não acredita que Lula conseguirá fazer muitas parcerias com outros partidos, seja de esquerda, centro ou direita. E aposta que, quem está nestes espectros ideológicos, vai ter menos chances na eleição. "Perde Huck, perde (João) Doria. O próprio Ciro (Gomes) vai ter dificuldade agora."

Outro presidenciável, o ex-Ministro da Justiça Sérgio Moro nem deve entrar para a disputa, segundo Ciro Nogueira. "Eu acho que o Moro vai acabar sendo candidato ao Senado pelo Paraná. A nível nacional, ele não tem mais apelo."

Apoio do PP a Bolsonaro

Bolsonaro está sem partido para disputar a eleição para 2022. Ele quis criar o Aliança pelo Brasil, mas não conseguiu assinaturas suficientes. Ciro Nogueira explicou que o presidente não vai se filiar ao PP porque pretende ter controle em diretórios estaduais. Então acredita que o presidente vai para uma legenda pequena.

"Se tivéssemos a garantia de que o Bolsonaro ia entrar no partido e eleger 100 deputados, tanto eu quanto outros iríamos querer, mas existe um consenso de que isso não vai mais acontecer. 'Outsiders' não tiveram sucesso nessa última eleição. O eleitor votou em quem tinha história. Então não vai haver essa possibilidade de um partido grande ceder o comando ao presidente", declarou Ciro Nogueira.

Mas o presidente do PP abriu a possibilidade de ceder um candidato a vice-presidente na chapa de Bolsonaro.

"Eu defendo que o vice seja uma escolha pessoal do presidente. Alguém que transmita confiança, que ajude na eleição. Pode ser que esse vice se filie ao nosso partido, é uma hipótese que pode ser aventada, mas é uma escolha do presidente", concluiu.