Maia lamenta 'não' de Ludhmila e culpa Bolsonaro: 'Negacionismo prevaleceu'
Ex-presidente da Câmara, o deputado federal Rodrigo Maia (DEM-RJ) lamentou hoje o convite recusado pela médica cardiologista Ludhmila Hajjar para assumir o Ministério da Saúde, culpando a "política negacionista" do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) pelo "não". Ele também atribuiu ao "gabinete do ódio" os ataques — reais e virtuais — sofridos por Ludhmila desde que ela passou a ser cotada para vaga, no último fim de semana.
"Infelizmente, Ludhmila Hajjar não aceitou assumir o cargo de ministra da Saúde. Certamente o presidente Bolsonaro não aceitou ter à frente do Ministério uma gestão competente focada na ciência. Meu respeito pela dra. Ludhmila só aumentou, pois seus valores não são negociáveis", escreveu Maia em uma rede social.
Mais uma vez, o trabalho do gabinete do ódio foi efetivo em prejudicar a imagem de alguém que seria tão importante para o nosso país neste momento da pandemia. Prevaleceu a política negacionista. O governo continuará a não priorizar vidas. Triste e lamentável. Rodrigo Maia (DEM-RJ), sobre "não" de Ludhmila Hajjar
Ludhmila Hajjar confirmou no início desta tarde, em entrevista à CNN Brasil, que havia recusado o convite para assumir o cargo — hoje ocupado pelo general Eduardo Pazuello — por "divergências técnicas" com o governo. O hotel onde estava hospedada, em Brasília, foi alvo de tentativas de invasão, e a própria médica sofreu ameaças de morte.
"Eu recebi ataques, tentativas de invasão no hotel em que eu estava, ameaças de morte, fui agredida com áudios e vídeos falsos. Mas estou firme e forte aqui. Hoje volto para São Paulo para continuar a minha missão, que é ser médica. Estou à disposição do meu país e vou continuar atendendo pessoas da direita e da esquerda", disse Ludhmila.
A médica cardiologista estava entre os três nomes inicialmente cotados para substituir Pazuello, além do deputado Dr. Luizinho (PP-RJ) e o atual presidente da Sociedade Brasileira de Cardiologia, Marcelo Queiroga.
Com a piora da pandemia no Brasil, a relação entre Bolsonaro e Pazuello tem sido exposta às críticas dos aliados do governo. Segundo apurado pelo UOL, o presidente não queria fazer a troca, mas vem sendo pressionado por parlamentares do centrão.
Repercussão
Além de Maia, outros políticos e partidos também lamentaram o "não" de Ludhmila Hajjar e condenaram os ataques e ameaças feitos à médica cardiologista. Confira:
Gleisi Hoffmann (PT-PR), deputada federal e presidente nacional do PT
"Tanto faz se Pazuello sai ou fica. Nenhum médico sério vai aceitar as condições de Bolsonaro. Enquanto o presidente for um genocida negacionista, o ministro da Saúde será sempre seu espelho. E o povo continuará à mercê da necropolítica bolsonarista."
Tabata Amaral (PDT-SP), deputada federal
"O país inteiro perde quando o negacionismo de Bolsonaro e a sua máquina de ódio minam a possibilidade de termos uma profissional séria e extremamente competente à frente do combate à pandemia. Dra Ludhmila, minha admiração pela pessoa e profissional que você é só aumenta. Força!"
Marcelo Ramos (PL-AM), deputado federal e vice-presidente da Câmara
"É muito difícil pra um médico que tenha compromisso com a medicina aceitar as condições do presidente pra ser ministro, e é muito difícil pro presidente aceitar as condições de um médico que tenha compromisso com a medicina pra ser ministro. Temos um impasse!"
Joice Hasselmann (PSL-SP), deputada federal
"É óbvio que a séria e competente Ludhmila Hajjar não aceitaria ser ministra do governo de Jair Bolsonaro. Ele não quer a ciência. Não quer vacina. Ele quer um fantoche da cloroquina que repita que seus erros crassos — que causaram milhares de mortes — são acertos.
Sâmia Bomfim (PSOL-SP), deputada federal
"A médica Ludhmila Hajjar recusou ao chamado para assumir o Ministério da Saúde, declarou que sua formação e objetivos são distintos do governo. Que não há convergência técnica. Quem questiona a ciência não quer combater a pandemia, Bolsonaro é o principal aliado do vírus!"
PSDB, por meio de uma rede social
"É tanta sensatez da médica Ludhmila Hajjar que logo se vê porque não virou ministra neste governo."
"Chegamos a um ponto em que ninguém minimamente sensato pode exercer um cargo como ministro da Saúde sem sofrer o ódio dessa turba. A única maneira de não ser hostilizado é defender tratamentos sem respaldo científico, apoiar teorias da conspiração e, sobretudo, abaixar a cabeça para o presidente."
João Amoêdo (Novo), ex-presidenciável
"Ludhmila Hajjar, médica que foi cotada para assumir o Ministério da Saúde, relata tentativas de invasão ao seu quarto de hotel, ataques e ameaça de morte por ser a favor de medidas de restrição e contra cloroquina para covid-19. É inaceitável que tenhamos chegado a este ponto."
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