Em live, Bolsonaro não cita morte de Major Olimpio, crítico de seu governo
Cerca de três horas após o anúncio da morte do senador Major Olimpio (PSL-SP), vítima da covid-19, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) realizou a sua tradicional live semanal. Bolsonaro, porém, não mencionou o óbito do antigo aliado, que virou crítico do seu governo.
Identificado com as pautas de segurança pública e conservadores, Major Olimpio foi aliado de na campanha de 2018, mas rompeu com o governo e passou a ser atacado por apoiadores da família do presidente.
Minutos após o anúncio da morte do senador, Bolsonaro cancelou um ato simbólico para entregar pessoalmente ao Congresso Nacional duas MPs (Medidas Provisórias) do auxílio emergencial, mas segue sem comentar a morte até a publicação desta nota (ou seja, cerca de quatro horas após o falecimento).
Seu filho, o deputado Eduardo Bolsonaro, foi o primeiro da família a se manifestar. Em seu perfil do Twitter, ele alfinetou a oposição, afirmando que "não torce pela morte de ninguém".
"Em que pese termos diversas discordâncias, não torço pela morte de ninguém", escreveu o deputado. Ele e Major Olimpio eram de alas opostas do mesmo partido, o PSL.
Eduardo também manifestou solidariedade à família do senador: "Que Deus conforte a família e amigos do Senador Major Olímpio neste difícil momento".
Mais tarde, Flavio Bolsonaro (Republicanos), também escreveu uma mensagem para família e amigos de Major Olimpio. "Meus sentimentos. Que Deus o tenha e conforte a todos".
Bolsonaro ignora Olimpio, mas cita morte de sargento
Apesar de não citar o senador Major Olimpio, Bolsonaro comentou a morte de um sargento, que trabalhava em seu gabinete pessoal. Segundo ele, foi o primeiro funcionário da Presidência a falecer de covid-19.
Bolsonaro questiona se o sargento foi submetido ao tratamento precoce, sem comprovação científica. "Vou tentar conversar com a família, se autoriza, na próxima live, a falar que a causa da morte foi covid, perguntar se foi submetido a algum tratamento inicial ou não", diz ele.
"No meu prédio as informações que tenho é que mais de 200 pessoas pegaram, fizeram algum tipo de tratamento inicial e deu certo", especulou o presidente. "O tratamento inicial é bem-vindo, é uma esperança. Não vamos simplesmente remar contra, falar mal".
'Ah, capitão cloroquina'. Tá pensando que está me ofendendo?
Jair Bolsonaro, presidente da República
Embate com a família Bolsonaro
Após as eleições de 2018, Major Olimpio rompeu com a família Bolsonaro e virou crítico do atual governo. No início da pandemia, quando o presidente Bolsonaro promoveu um churrasco para 30 pessoas, ele disse que o evento social era "um chute no saco do povo brasileiro".
O senador já foi chamado de traidor pelo presidente Jair Bolsonaro. Na época, ele reagiu aos ataques do chefe do Executivo chamando um de seus filhos de "filho bandido" em áudio vazado por meio do WhatsApp.
Eu não gosto de ladrão. Para mim, ladrão de esquerda é ladrão. De direita, é ladrão. Se for filho do presidente ladrão roubando junto com o presidente, eu vou dizer."
Políticos repercutem morte
Políticos de todo o Brasil usaram suas redes sociais na tarde de hoje para compartilhar mensagens de pesar pela morte do senador Major Olimpio.
O presidente do Senado Rodrigo Pacheco (DEM-MG) divulgou uma nota de pesar e decretou luto oficial de 24 horas. "As sinceras condolências do Parlamento Brasileiro à família, amigos e a todos os paulistas".
Na nota, Pacheco relembrou a carreira de Major Olimpio e também anotou o fato de que ele foi o terceiro senador a morrer por complicações da covid-19.
O presidente da Câmara, Arthur Lira, manifestou sentimentos aos familiares e amigos.
O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), adversário político de Olimpio, foi um dos primeiro a compartilhar uma mensagem no Twitter. "Minha solidariedade à família e amigos do Senador Major Olímpio. Infelizmente mais uma vítima da Covid-19", escreveu.
'Romaria' ao Congresso acaba com morte e 3 internados
Major Olimpio, 58, morreu hoje no hospital São Camilo por complicações do novo coronavírus. Ele estava internado desde o início de março. Segundo funcionários do gabinete do senador, a situação dele hoje de manhã era "gravíssima" e médicos comunicaram a família que "só por um milagre" ele sobreviveria.
Além de Olimpio e de seu assessor de imprensa, outros dois senadores precisaram ser internados após ida ao Congresso Nacional: Alessandro Vieira (Cidadania-SE) e Lasier Martins (Podemos-RS). A assessoria de Vieira informou que ele deve receber alta amanhã de hospital de São Paulo. Lasier recebeu alta hoje em hospital de Porto Alegre.
Major Olimpio é o terceiro senador a morrer devido a complicações da covid-19. O senador José Maranhão (MDB-PB), morreu aos 87 anos, em 8 de fevereiro deste ano. O senador Arolde de Oliveira (PSD-RJ), morreu aos 83 anos, em 21 de outubro de 2020.
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