Santos Cruz vê 'ofensa às Forças Armadas': Não pode ser só por birra
O general Carlos Alberto dos Santos Cruz, ex-ministro da Secretaria de Governo, disse hoje que viu como uma "ofensa às Forças Armadas" a saída dos comandantes do Exército, Marinha e Aeronáutica. As mudanças foram confirmadas hoje, como consequência da troca promovida ontem pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) no comando do Ministério da Defesa, com a saída de Fernando Azevedo e Silva para a chegada de Walter Braga Netto.
Para Santos Cruz, que permaneceu no governo Bolsonaro até junho de 2019, trocas desse tipo nas Forças Armadas precisam ser justificadas pelo presidente. O ex-ministro chegou a falar em "birra" e "pirraça" como motivos para as mudanças.
Em entrevista à CNN Brasil, Santos Cruz resumiu como vê as decisões recentes de Bolsonaro, que ontem fez trocas em mais cinco pastas além da Defesa — Relações Exteriores, Casa Civil, Ministério da Justiça e Segurança Pública, AGU (Advocacia-Geral da União) e Secretaria de Governo também têm novos titulares.
Esse tipo de saída sem nenhuma informação é uma falta de consideração pessoal, institucional, ao Exército, à Marinha, à Aeronáutica. Falta de consideração funcional, desrespeito e ofensa às Forças Armadas, é assim que vejo essa situação.
General Santos Cruz, ex-ministro da Secretaria de Governo
Santos Cruz admitiu que as trocas foram uma "surpresa", mas disse que a situação vinha se apresentando como possível porque as Forças Armadas continuavam sendo citadas dentro do jogo político. O general, porém, mantém a postura que tinha quando estava no governo, de ser contra qualquer intervenção das Forças Armadas na gestão federal.
"Vejo três pessoas honradas que não é normal se afastar de uma função da maneira que a gente está vendo. Não é assim que a gente se despede de pessoas que são de destaque", afirmou o ex-ministro. "Estamos deixando de ver comportamentos normais", acrescentou.
"Birra" e "pirraça"
Santos Cruz comparou a situação atual, com as saídas de Edson Leal Pujol (Exército), Ilques Barbosa (Marinha) e Antônio Carlos Bermudez (Aeronáutica), àquela vivida pelo Brasil em 1977, durante a ditadura militar. À época, o então presidente Ernesto Geisel demitiu o ministro do Exército, Sylvio Frota.
São coisas de 40 anos. Por isso é uma situação que precisa justificada, tem que ter uma justificativa, não pode ser só pela sua mania, pela sua pirraça, pela sua birra, isso não pode existir nesse nível.
Santos Cruz, general e ex-ministro
Apesar de enxergar a situação como de exceção no histórico recente das Forças Armadas, o general não acredita que a troca no comando das instituições pode fazer com que elas tenham um alinhamento maior com o governo Bolsonaro.
"Nas Forças Armadas acredito que não vai mudar absolutamente nada. Os novos comandantes são pessoas que honram sua farda, que têm cultura institucional e constitucional. Se é por causa de alinhamento político isso é uma expectativa descabida. As Forças Armadas são fiéis à sua destinação constitucional", afirmou.
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