Mourão elogia ditadura militar no aniversário de 57 anos do golpe
A ditadura militar que ocorreu no Brasil entre entre 1965 e 1985 torturou 20 mil pessoas, com 434 pessoas que foram mortas ou seguem desaparecidas, de acordo com dados da organização HRW (Human Rights Watch). Mesmo com a mácula na história da democracia nacional, o vice-presidente Hamilton Mourão (PRTB) fez elogios ao golpe de estado, que completa 57 anos hoje.
"Neste dia, há 57 anos, a população brasileira, com apoio das Forças Armadas, impediu que o Movimento Comunista Internacional fincasse suas tenazes no Brasil. Força e honra!", escreveu o vice-presidente nas redes sociais.
A aprovação da ditadura militar não é novidade entre os membros do governo Bolsonaro, mas voltou a ser foco de discussões com a aproximação da data em que o golpe foi instaurado — entre 31 de março e 1º de abril de 1964 — e após a declaração do novo ministro da Defesa, general Braga Netto.
O general afirmou que o ato que desarticulou a democracia no país deveria ser "celebrado" como um "movimento" que permitiu "pacificar o país", seguindo a mesma linha do presidente Jair Bolsonaro (sem partido).
O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-RJ) também usou as redes sociais para defender a ditadura militar, que até hoje deixa centenas de famílias sem respostas sobre o paradeiro de entes queridos. Segundo o filho do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), o golpe de estado foi feito "seguindo a lei" e a "vontade popular".
"Quer saber mais sobre como as Forças Armadas agiram em 1964 seguindo a LEI e a VONTADE POPULAR, para garantir a DEMOCRACIA? Assista esse discurso do então Deputado @JairBolsonaro , realizado em 2014 (mas que também segue bastante atual e pertinente)", escreveu o deputado.
Ditadura nunca mais
A hashtag #DitaduraNuncaMais foi destaque ao longo do dia no Twitter, com publicações citando os danos ao processo democrático e com homenagens às vidas perdidas na época. Entre os parlamentares, o assunto também foi destaque.
Na contramão do vice-presidente Hamilton Mourão, o ministro Gilmar Mendes, do STF (Supremo Tribunal Federal) escreveu em sua conta oficial do Twitter que a ditadura "não se comemora".
"O dia 31/03 não comporta a exaltação de um golpe que lançou o país em anos de uma ditadura violenta e autoritária. Ao contrário: é momento de exaltar o valor da nossa democracia conquistada com suor e sangue. Viva o Estado de Direito. #DitaduraNaoSeComemora."
A ex-senadora Marina Lima (Rede) rebateu o ministro da Braga Netto alegando que o "golpe de 31 de março não deve ser celebrado, e sim, repudiado".
"Não, Ministro Braga Neto. O golpe de 31/03/64 não deve ser celebrado e, sim, repudiado. E o é. Pelos democratas dos diversos espectros ideológicos, pelo povo brasileiro e principalmente pela constituição democrática de 88", escreveu Marina. Na sequência, a ex-senador diz que "o governo Bolsonaro não está em crise, ele é a crise".
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