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Cremerj acusa vereador Gabriel Monteiro de abuso de autoridade

Gabriel Monteiro (PSD-RJ); para o Cremerj, houve abuso de autoridade na ação do vereador - Reprodução/YouTube
Gabriel Monteiro (PSD-RJ); para o Cremerj, houve abuso de autoridade na ação do vereador Imagem: Reprodução/YouTube

Marcela Lemos

Colaboração para o UOL, no Rio de Janeiro

06/04/2021 10h28

O Cremerj (Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio de Janeiro) entrou com uma representação no Ministério Público contra o vereador e youtuber Gabriel Monteiro (PSD-RJ). O conselho acusa Monteiro de abuso de autoridade. A denúncia ocorreu após o vereador divulgar no próprio canal na internet um vídeo em que aparece dando voz de prisão para uma médica em uma UPA (Unidade de Pronto Atendimento), na zona norte do Rio.

O órgão moveu ainda contra Monteiro uma ação civil pública no TJ-RJ (Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro) que pede uma indenização de R$ 500 mil por danos morais coletivos causados à categoria. Segundo o Cremerj, em caso de vitória, a indenização será doada para instituições de caridade.

Nas imagens, ele aparece perambulando pela unidade, abrindo portas de consultórios, ameaçando funcionários com voz de prisão e mexendo nos computadores. No vídeo, ele alega que busca atendimento para os pacientes que aguardam na UPA.

O vídeo termina com uma médica, que não foi identificada, acusada de estar dormindo na unidade, encaminhada para a delegacia com apoio de uma viatura da PM. Na distrital, o youtuber mostra o boletim de ocorrência feito na unidade e agradece a duas mulheres que acompanharam o vereador e prestaram depoimento. A profissional também prestou esclarecimentos e foi liberada.

"Estaremos fiscalizando toda unidade pública municipal. Eu sou muito bem pago para trabalhar na rua. Chega de político encastelado na Câmara."

Para o Cremerj, houve abuso de autoridade na ação do vereador. O órgão recomenda que pacientes que discordem do atendimento prestado façam uma denúncia na entidade.

"O Conselho esclarece que a atitude tomada se deve a abordagem inadequada do próprio, caracterizando abuso de autoridade. O Conselho repudia qualquer tipo de desvio de trabalho do médico, caso ocorra, e reitera que qualquer denúncia será apurada com zelo, seguindo os ritos necessários", informou por meio de nota.

O vereador e youtuber usou as redes sociais para se defender e se disse vítima de perseguição.

"Eu super respeito quem não é adepto ao meu trabalho, minhas crenças, meus sonhos. Mas ser a favor da minha prisão por eu flagrar médicos cometendo crimes contra os mais pobres, não é certo! Enquanto eu tiver livre irei lutar contra a máfia da saúde, não sei até quando!"

"Eu fui eleito pra desmascarar o sistema, que isso, como tem gente defendendo bandido milionário que não trabalha. Se seu filho morresse num hospital público, duvido você ser contra meu trabalho. Continuarei."

Quem é Gabriel Monteiro?

O policial militar foi o terceiro candidato mais votado na capital fluminense, ficando atrás de Tarcísio Motta (PSOL) e Carlos Bolsonaro (Republicanos), filho do presidente Jair Bolsonaro. Ao todo, recebeu 60.326 votos. O PM e youtuber ficou conhecido quando foi expulso da PM e posteriormente reintegrado à corporação. A expulsão ocorreu por deserção, após serem registradas mais de 50 faltas durante o período em que trabalhou como militar.

Antes, Monteiro já havia acusado o ex-comandante da PM, coronel Ibis, de manter relações com uma facção criminosa do Rio. Em um vídeo gravado, sem autorização do ex-comandante, o youtuber perguntou ao superior se havia ligação entre o PSOL e criminosos. "Ninguém entende como o senhor entra no coração do Comando Vermelho e não é morto, sendo policial militar (...) O senhor é do PSOL, não é? (...) Existe alguma ligação entre o PSOL e a criminalidade da Maré?, questionou o soldado, se referindo a presença do ex-comandante em uma palestra no conjunto de favelas, localizado na zona norte da cidade.

Na ocasião, o ex-comandante negou relações com o crime organizado e moveu uma ação contra o policial militar.