Cármen Lúcia será relatora de ação contra Salles que motivou troca na PF
A ministra do STF (Supremo Tribunal Federal) Cármen Lúcia foi sorteada hoje como relatora da notícia-crime feita pelo delegado Alexandre Saraiva contra o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles. Após Saraiva entrar com o processo na Corte, o diretor-geral da Polícia Federal, Paulo Maiurino, decidiu fazer uma troca no comando da corporação.
Saraiva era superintendente da PF no Amazonas. Com a repercussão do processo contra Salles, ele foi substituído pelo delegado Leandro Almada no comando regional.
O ex-superintendente acusa Salles de obstrução de investigação ambiental, organização criminosa e favorecimento de madeireiros. Ele pede que o ministro seja investigado pelo STF.
Saraiva, que assina a notícia-crime, também pede a investigação do presidente do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis), Eduardo Bim, e do senador Telmário Mota (PROS-RR).
De acordo com o delegado, Bim pediu à Polícia Federal na semana passada documentos com informações da Operação Handroanthus, que terminou em uma apreensão histórica de madeira ilegal no final do ano passado. No entendimento de Saraiva, a ação foi uma maneira de Salles ter informações sobre a investigação.
O Ibama é um órgão subordinado ao Ministério do Meio Ambiente.
Saraiva acusa Salles e Telmário Mota de atuarem em favor dos investigados no esquema apurado pela Polícia Federal.
O ministro do Meio Ambiente, por sua vez, definiu a acusação como "absurda", apesar de defender que a grande quantidade de madeira apreendida em 2020 foi extraída de forma legal.
Ontem, o STF recebeu mais uma notícia-crime contra Salles, esta apresentada pelo PDT. A legenda pede que a Corte investigue o ministro pelas denúncias de favorecimento a madeireiros ilegais. Caso o pedido seja aceito, o processo será remetido à PGR (Procuradoria-Geral da República) para apuração.
"Alvo a ser abatido"
Uma reportagem da Folha de S. Paulo mostra que madeireiros investigados pela Polícia Federal queriam a saída de Saraiva da Superintendência do Amazonas. Em mensagens mostradas pela matéria, o delegado chega a ser apontado como "alvo a ser abatido".
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