Topo

Randolfe: Será trágico se CPI da Covid se debruçar sobre agenda eleitoral

Gabriel Toueg

Colaboração para o UOL, em São Paulo

16/04/2021 04h00

O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), líder da oposição no Senado, avaliou que seria "trágico" se a CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da Covid se transformasse em palanque eleitoral. "A CPI tem que independer do processo eleitoral porque chegaria a ser trágico, com requintes de crueldade, se uma CPI sobre uma tragédia acabasse se debruçando para ter algum tipo de dividendo eleitoral."

A declaração foi feita durante o podcast Baixo Clero de ontem. Randolfe respondia a pergunta da colunista do UOL Maria Carolina Trevisan sobre um cenário em que o ex-presidente Lula (PT) está desimpedido de se candidatar, ao mesmo tempo em que a CPI, contestando o governo Bolsonaro, poderia gerar desgastes. "Temos que ter a firmeza e a serenidade de separar as situações", disse o senador (assista a partir de 22:04 no vídeo acima).

"O prazo da CPI, estabelecido no requerimento, é de 90 dias. O tempo para a CPI funcionar tem que ser o tempo de concluirmos as investigações", disse. "Se não for [suficiente], vamos postergar por mais algum tempo", disse. "Temos que ter o cuidado necessário para separar e não deixar que qualquer calendário eleitoral contamine o funcionamento dessa CPI."

Segundo Randolfe, "seria indigno, na condição em que nós estamos, se isso fosse diferente. A agenda eleitoral tem que ser apartada disso" (assista a partir de 23:16 no vídeo acima).

"A CPI não é nem pode ser para perseguir ninguém, é para perseguir o fato", disse. Para ele, "os indícios dos fatos apontam que nós fomos trazidos para a situação em que nos encontramos hoje". "Temos que encontrar, a partir do fato, de quem foi essa responsabilidade" pela situação sanitária do país. "Temos que ter cuidado com provocações dissuasórias, dispersivas, que nos tirem no foco", disse.

'Obsessão'

"Temos que ter foco no serviço e nos indícios que apontam a responsabilidade", disse. "Os indícios podem confirmar os fatos ou não, por isso precisamos ter cautela na condução da investigação". Randolfe falou também sobre a composição da CPI. "Ainda ontem falava-se em formar um 'G6' [número de senadores alinhados na comissão], um 'G7', mas eu tenho dito que precisamos ter 11 [senadores] obcecados pelo caminho da investigação", afirmou Randolfe (assista a partir de 25:01 no vídeo acima).

Sobre a possibilidade de eventualmente assumir a relatoria da CPI, Randolfe disse considerar "pouco provável" e inadequado. "A minha posição política é conhecida e devo ter muito cuidado para não ter nenhum tipo de suspeição", afirmou. "Não me considero estar à vontade para a posição de relator" (assista a partir de 27:54 no vídeo acima).

Ao ser questionado sobre os efeitos da CPI, Randolfe disse que só o fato de se falar na investigação já fez o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) "ficar preocupado". Segundo o parlamentar, "só o fato de ter a CPI já é uma medida sanitária": "Após a decisão do ministro [Luís Roberto] Barroso [do STF], o presidente chancelou uma campanha pelo uso de máscaras, com um ano de atraso" (assista a partir de 9:38 no vídeo acima).

"Temos que nos perguntar: por que chegamos a isso? Por que nos tornamos epicentro global da pandemia? Por que hoje, de cada dez humanos que morrem, três são brasileiros? O que poderia ter sido feito para evitar essa circunstância? Não poderíamos já ter adquirido vacinas no ano passado? Não poderia ter sido possível adquirir 70 milhões de doses da vacina da Pfizer ofertadas em agosto do ano passado? Não poderíamos ter incentivado o uso de máscaras?" (assista a partir de 10:41 no vídeo acima).

Os podcasts do UOL estão disponíveis em uol.com.br/podcasts e em todas as plataformas de distribuição de áudio. Você pode ouvir Baixo Clero, por exemplo, no Spotify, Apple Podcasts, Google Podcasts, Amazon Music e Youtube —neste último, também em vídeo.