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Baixo Clero #82 | Randolfe: Não via razão para ter Queiroga na CPI até fala sobre kit intubação

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Gabriel Toueg

Colaboração para o UOL, em São Paulo

15/04/2021 20h33

Autor do pedido para a instalação da CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da Covid, o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) disse hoje que não via razão para que o atual ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, fosse ouvido pela comissão parlamentar até uma fala dele sobre o kit intubação. A declaração de Randolfe foi dada durante o podcast Baixo Clero de hoje.

"Não adianta só ficar enviando ofício para o Ministério da Saúde. Os estados também têm que procurar esses medicamentos, sobretudo os grandes estados", disse Queiroga, em resposta direta a cobranças do governador de São Paulo, João Doria (PSDB), por medicamentos usados para o procedimento. "Existem estados que têm economia maior que países, têm condições, não é só empurrar isso para as costas do Ministério da Saúde."

Randolfe disse que "a princípio queria acreditar que não fosse necessário" convocar Queiroga para depor. "Pelo menos, o novo ministro da Saúde entrou [no governo] com as recomendações da ciência. Mas essa é uma declaração lamentável, triste, que acaba criando condições para que tenhamos que chamá-lo", disse o parlamentar (assista no vídeo acima a partir do minuto 39).

"Como é que [o governador] do mais rico estado do Brasil pede socorro e o governo central faz desdém, vira de costas ao pedido de socorro?", questionou. "É inominável imaginar que as pessoas não conseguem ser intubadas ou que alguns, para serem intubados, precisam ser amarrados à cama", ressaltou o senador.

Ele também disse que devem ser ouvidos todos os ex-ministros da Saúde durante o combate à pandemia: Luiz Henrique Mandetta, Nelson Teich e Eduardo Pazuello.

Frigideira

O Baixo Clero de hoje colocou na frigideira dois integrantes do Palácio do Planalto: o ministro Onyx Lorenzoni e o presidente Bolsonaro. O colunista Diogo Schelp escolheu o ministro da Secretaria-Geral da Presidência para a fritura pela sua insistência em tratamentos que não têm eficácia comprovada. "Ele publicou no Twitter o vídeo de uma mulher em Manaus recebendo nebulização de hidroxicloroquina, uma invencionice que fizeram com um medicamento que já não tem eficácia contra a covid-19", disse Schelp (assista a partir de 54:54 no vídeo acima).

"Ele publicou o vídeo dizendo que houve uma decisão médica em conjunto com a paciente e que, de zero a dez ela teve oito de melhora, mas ocorre que dias antes essa paciente já havia morrido", disse. "Foi um episódio lamentável, além de estar promovendo um suposto tratamento, que não tem eficácia comprovada, é um teste experimental feito sem autorização das entidades éticas, basicamente um experimento clandestino". Ele lembrou que houve outros casos de pessoas que foram submetidas a esse mesmo teste e que também morreram.

"Desde a saída de Ernesto Araújo (ex-chanceler), Lorenzoni tem sido a resistência do negacionismo no governo, junto ao presidente ele é um dos que mais se empenham entre os ministros e insiste no discurso negacionista na pandemia", lamentou Schelp.

Maria Carolina Trevisan escolheu fritar Bolsonaro. "Quem vai para a minha frigideira hoje é o responsável mor de todo esse caos que estamos vivendo, e que continua negando a ciência", disse ela (assista a partir de 57:00 no vídeo acima). Ela escolheu o presidente também pelas ameaças recentes de agressão feitas por Bolsonaro. "No fim de semana, diante da CPI, ele ameaçou (Luís Roberto) Barroso e Alexandre de Moraes, dois ministros do Supremo Tribunal Federal. Depois, naquela conversa estranhíssima com o senador Kajuru, ele ameaça também o senador Randolfe Rodrigues", lembrou.

"É uma pessoa violenta, que não lida com a realidade, que quer resolver as coisas de maneira violenta num momento de muito luto, muita dor, muita destruição, muita fome", disse Trevisan. "Não é possível que um presidente de um país como o Brasil, ou de qualquer país, atue dessa maneira em um momento tão dramático como esse".

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